quinta-feira, dezembro 06, 2007

TESE DE GUERDJEF


A tese deste pensador chamado GUERDJEF, que no início do século passado já falava em auto conhecimento, é a importância de saber viver.
Dizia ele: “Uma boa vida tem como base o sentido do que queremos para nós em cada momento, e daquilo que realmente vale como principal”.
No Instituto Francês de Ansiedade e Stress (Paris), foram colocadas em destaque, 20 regras de vida que Guerdjef traçou. Dizem os “experts” em comportamento que, que já consegue assimilar 10 delas, com certeza aprendeu a viver com melhor qualidade interior. Seguem abaixo para vossa apreciação:


01- Faça pausas de 10 minutos a cada 2 horas de trabalho, no máximo. Repita essas pausas na vida diária e pense em você, analisando suas atitudes.

02- Aprenda a dizer não sem se sentir culpado ou acha que magoou. Querer agradar a todos é um desgaste enorme.

03- Planeie seu dia, si, mas deixe um bom espaço para o improviso, consciente que nem tudo depende de você.

04 - Concentre-se em apenas uma tarefa de cada vez. Por mais ágeis que sejam seus quadros mentais, você se exaure.

05 - Esqueça, de uma vez por todas, que você é imprescindível. No trabalho, na casa, no grupo habitual. Por mais que isso lhe desagrade, tudo anda sem a sua actuação, a não ser você mesmo.

06 - Abra mão de ser o responsável pelo prazer de todos, pois não é você a fonte dos desejos, o eterno mestre de cerimonias.

07 - Peça ajuda sempre que necessário, tendo o bom senso de pedi-las as pessoas certas.

08 - Diferencie problemas reais de problemas imaginários e elimine-os porque, são uma perda de tempo e ocupam um espaço mental precioso para coisas mais importantes.

09 - Tente descobrir o prazer de factos habituais como comer, dormir, tomar banho, sem também achar que é o máximo a se conseguir na vida.

10 - Evite se envolver na ansiedade e tensões alheias enquanto houver a ansiedade e a tensão. Espere um pouco e depois retome o diálogo, a acção.

11 - Família não é você, está junto de você. Compõe o seu mundo, mas não é a sua própria identidade.

12 - Entenda que princípios e convicções fechadas podem ser um grande peso, a trave do movimento e da busca.

13 - É preciso ter sempre alguém em que se possa confiar e falar abertamente, ao menos num raio de 100 km.

14 - Saiba a hora certa de sair de cena, de retirar-se do palco, de deixar a roda. Nunca perca o sentido da importância subtil de uma saída discreta.

15 - Não queira saber se falaram mal de você, e nem se atormente com este lixo mental. Escute o que falaram bem, com reserva analítica, sem qualquer convencimento.

16 - Competir no lazer, no trabalho, na vida a dois, é óptimo… para quem quer ficar esgotado e perder o melhor.

17 - A rigidez é boa na pedra, não no homem. A ele cabe a firmeza, o que é muito diferente.

18 - Uma hora de imenso prazer substitui com folga três horas de sono perdido. O prazer recompõe mais que o sono. Logo, não perca uma oportunidade saudável de divertir-se.

19 - Não abandone suas três grandes e inabaláveis amigas; a Intuição, a ingenuidade e a Fé.

20 - Entenda de uma vez por todas, definitiva e exclusivamente: VOCÊ É O QUE SE FIZER SER!!!


Bem, espero que tenham apreciado, e uma coisa posso garantir...! Vale a pena: Saber Viver!


Melody

Os Meus Amigos de 4 Patas.







Gatinhos:




Green:- A minha primeira companheira. Independente, meiga, sociável e sempre atenta.




Twisty:- Tímido, meigo e adora festinhas. Companhia de sonecas.




Nicky:- Atenta, acorda-me quando quer leitinho ou o despertador toca e não me levanto logo.




Gustavo:- Vaidoso, tímido, mimado, adora ser escovado vezes, sem conta. Dá beijinhos por interesse.




Sammy:- Linda, meiga doce e ciumenta. A minha protectora.




Layla: Independente, adora leitinho e refila sempre que quer qualquer coisa.




Huguinho:- Lindo, gordinho, faz questão de ser o primeiro a cumprimentar toda a gente.




Zézinha:- Não gosta que a chame, foge e tenta brincar às escondidas. Gosta de provar tudo o que como.




Arafat:- Lindo, vaidoso, gosta de escova e adora mexer em tudo quando não estou a olhar.




Cicinho:- Super meiguinho, adora colo, ver TV e provar tudo o que é comida.






Os Cães:




Toby:- Alegre, muito meiguinho, brincalhão e desobediente. Arregala os olhos e refila quando não quer fazer algo.




Dara:- Linda menina que gosta de agradar e de comer tudo também. Detesta estar sozinha e como represália rói tudo o que encontra. Super meiguinha.




Daisy:- Refilona, amorosa, meiga, teimosa. A minha companhia sempre!




Luka:- Meigo, lindo e refila em Inglês. Tenta contar tudo o que se passa, mas ninguém o entende.




Iury:- Irreverente, teimoso, comilão mas muito meiguinho.




Lord:- Uma ternura de cãozinho. Agradecido, cerimonioso, simpático, companhia sempre presente!




A todos estes amiguinhos, que me aceitam tal como sou, o meu muito obrigada, por esquecerem os meus defeitos e realçarem as minhas qualidades, gostando de mim de forma incondicional.




Com eles aprendi a ser mais tolerante, mais humana e a tentar respeitar melhor as diferenças.




Para eles um grande "Bem Hajam."
Melody

Eu Aprendi...





Eu aprendi... que a melhor sala de aula do mundo, é estar junto de alguém mais velho.

Eu aprendi... que ser gentil e amável é mais importante do que ser justo.

Eu aprendi... que às vezes, tudo o que uma pessoa precisa é de uma mão para segurar e um coração que a entenda.

Eu aprendi... que o dinheiro não compra classe social nem educação.

Eu aprendi... que são as pequeninas coisas do dia a dia que faz a vida valer a pena.

Eu aprendi... que dentro da dura concha de cada um de nós, existe alguém que quer ser apreciado e amado.

Eu aprendi... que ignorar os factos, não mudam os factos.

Eu aprendi... que o amor, e não o tempo, curam todas as feridas.

Eu aprendi... que todas as pessoas que conhecermos, merecem ser saudadas com um sorriso.

Eu aprendi... que a vida é dura, mas eu sou mais.

Eu aprendi... a conservar as palavras suaves e gentis, porque amanhã talvez as tenha de engolir.

Eu aprendi... que o sorriso é uma forma barata de melhorar o meu aspecto.

Eu aprendi... que não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer sobre isso.

Eu aprendi... que todos querem estar no topo da montanha, mas toda a felicidade e crescimento ocorrem durante a escalada.

Eu aprendi... que é melhor dar conselhos só em duas circunstâncias: quando se é solicitado, e quando a situação é de vida ou morte.

Eu aprendi... que quanto mais tempo se tem, menos coisas se fazem.


Eu aprendi... que o tempo é o verdadeiro presente, para ser usado com inteligência, e não para se desperdiçar.


Melody


terça-feira, novembro 13, 2007

A Magia do Circo



Lembro-me de quando a minha mãe me levava ao circo, e de como me fascinavam todos os fatos de luzes e cores, assim como o ambiente que a todos nos envolvia.
Mais tarde, foi a minha vez de levar os meus filhos, aquele sitio, onde tudo era possível.
Apesar de repudiar a forma como os animais são tratados e de os palhaços por vezes fazerem chorar os mais pequeninos, não posso deixar passar o trabalho destes artistas, que ao longo dos séculos tudo fizeram para nos oferecerem espectáculos de rara beleza e sonho.

Fica aqui a minha modesta homenagem, a todos os que trabalham arduamente, para que miúdos e graúdos, saiam do espectáculo com um sorriso nos lábios.

Melody

domingo, novembro 04, 2007

O Diário (excerto)



Um extracto do diário de Anne Frank.


Terça-feira, 11 de Abril de 1944


Querida Kitty:

Sinto como que marteladas na cabeça! Nem sei por onde começar. Sexta-feira (Sexta-feira Santa) à tarde, e no sábado também, fizemos vários jogos. Esses dias passaram-se sem novidade e bastante depressa. No domingo pedi ao Peter que viesse aqui e mais tarde subimos e ficámos lá em cima até às seis horas. Das seis e quinze até às sete horas ouvimos um belo concerto de música de Mozart; do que mais gostei foi da «K'eine Nachtmusik». Não consigo escutar bem quando há muita gente à minha volta, porque a boa música comove-me profundamente.


Prédio onde vivia a família Frank


Domingo à noite o Peter e eu fomos ao sótão. Para estarmos sentados confortávelmente, levamos umas almofadas que pusemos em cima de um caixote. O sítio é estreito e estávamos muito apertados um contra o outro. A Mouchi fazia-nos companhia. Assim havia quem nos vigiasse. De repente, às nove menos um quarto, o sr. van Daan assobiou e perguntou se nós tínhamos levado uma almofada do sr. Dussel. Saltámos do caixote abaixo e descemos com as almofadas, o gato e o sr. van Daan. Por causa da almofada do sr. Dussel desenrolou-se uma verdadeira tragédia. Ele estava desaustinado por termos levado a sua «almofada da noite». Receou que a enchêssemos de pulgas, fez cenas tremendas por causa de uma reles almofada. Como vingança, o Peter e eu metemos-lhe duas escovas duras na cama. Rimo-nos muito daquele pequeno «intermezzo». Mas o divertimento não havia de ser de longa dura. As nove e meia o Peter bateu à porta e pediu ao pai que subisse para lhe ensinar uma frase inglesa muito complicada.

- Aqui há gato - disse eu à Margot. - Ele não está a dizer a verdade.

E tinha razão. Havia ladrões no armazém. Com rapidez, o pai, o Peter, o sr. van Daan e o Dussel desceram. A mãe, a Margot, a srª van Daan e eu ficamos à espera. Quatro mulheres cheias de medo não podem fazer outra coisa senão porem-se a falar. Assim fizemos. De repente, ouvimos, lá em baixo, uma pancada forte. Depois, silêncio. O relógio deu dez menos um quarto. Estávamos lívidas, muito quietas e cheias de medo. Que foi feito dos homens? O que é que significava aquela pancada? Haverá luta entre eles e os ladrões? Dez horas. Passos na escada. Entra primeiro o pai, pálido e nervoso, depois o sr. van Daan.

- Fechem a luz. Subam sem fazer barulho. Deve vir a polícia.

Agora não havia tempo para medos. Fechámos a luz. Ainda peguei no meu casaquinho e subimos.

- O que aconteceu? Depressa, conta! - Mas não havia ninguém que pudesse contar, porque os senhores já tinham descido outra vez. Às dez e dez voltaram, dois ficaram de guarda na janela aberta, no quarto do Peter. A porta do corredor ficou fechada. A porta giratória também. Sobre o candeeiro lançámos uma camisola. Depois eles começaram a contar:

- O Peter ao ouvir duas pancadas fortes, correu abaixo e viu que do lado esquerdo da porta do armazém faltava uma tábua. Voltou depressa para cima, avisou a parte mais corajosa do grupo e então eles, os quatro, desceram. quando entraram no armazém encontraram os ladrões em flagrante. Sem reflectir o sr. van Daan gritou:

- Polícia!

Os ladrões fugiram num instante. Para evitar que a ronda da Policia notasse o buraco, os nossos homens colocaram a tábua no sítio, mas um pontapé de lá de fora deitou-a novamente ao chão. Os quatro ficaram perplexos com tanto atrevimento. O sr. van Daan e o Peter sentiram vontade de matar aqueles patifes. O sr. van Daan bateu com o machado no chão. Depois novamente silêncio. Tentaram colocar outra vez a tábua.

Novo susto: lá fora estava um casal e a luz forte de uma lâmpada de mão iluminou todo o armazém.

- Com mil raios! - disse um dos nossos e... num instante trocaram o seu papel de policias pelo de ladrões. Fugiram. Subiram. O Peter abriu portas e janelas na cozinha do escritório particular, deitou o telefone ao chão e depois desapareceram todos por detrás da porta giratória.

Provavelmente o casal avisaria a Policia. Era domingo, Domingo de Páscoa, e ninguém viria ao escritório, antes de terça-feira de manhã. Não podíamos fazer mesmo nada. Imagina duas noites e um dia a passar com tal angústia! Nós, as mulheres é que já não éramos capazes de imaginar coisa alguma. Estávamos sentadas às escuras; a srª van Daan resolveu fechar todas as luzes, e sempre que se ouvia um ruído murmurávamos «chut, chut».

Eram dez e meia, onze horas, e de ruídos nada. Alternadamente vinham ter connosco o pai e o sr. van Daan. Depois, às onze e um quarto, ouvimos ruídos lá em baixo. Agora já se ouvia a respiração de cada um de nós. Não nos mexemos. Passos na casa, no escritório particular, na cozinha, depois... na escada que conduz à porta camuflada. Retivemos a respiração; oito corações a martelar. Passos na escada, sacudidelas nas prateleiras da porta giratória. Estes momentos são impossíveis de descrever.

- Estamos perdidos - pensei, e já nos via, a todos, arrastados pela Gestapo através da noite. Mais duas vezes mexeram na porta giratória, depois alguma coisa caiu e os passos afastaram-se. De momento, estávamos salvos. Então começámos todos a tremer. Ouvia-se o bater de dentes; ninguém conseguia pronunciar uma palavra.

Não se ouvia mais nada em toda a casa, mas havia luz do outro lado da porta camuflada. Teriam desconfiado desta ou esqueceram-se de apagar a luz? Dentro do prédio já não se encontravam estranhos; só lá fora, na rua, haveria possivelmente um guarda. As nossas línguas soltaram-se, começámos a falar, mas o medo ainda nos dominava. Todos precisavam... O Peter tem um cesto de papéis de chapa de ferro, que podia substituir o balde que estava no sótão.

O sr. van Daan começou, depois o pai. A mãe teve vergonha. O pai levou-nos o cesto ao quarto, onde a Margot, a srª van Daan e eu, muito contentes, o utilizámos, e, por fim, também a mãe. Todos queriam papel. Felizmente eu trazia algum comigo no bolso.

Do cesto vinha um cheirete horrível; falávamos em voz baixa; estávamos cansados. Era meia-noite.

- Deitem-se no chão e durmam!

Deram-nos, à Margot e a mim, almofadas. A Margot ficou deitada junto do armário dos víveres e eu entre as pernas da mesa. No chão não se sentia tanto o mau cheiro, mas a srª van Daan, sem fazer o mínimo ruído, foi buscar um pouco de cloro e deitou-o no cesto, que depois cobriu com um pano velho.

Conversas, murmúrios, mau cheiro, medo, e sempre alguém sentado no cesto. Impossível dormir-se. Às duas e meia eu estava tão cansada que não ouvi mais nada até ás três e meia. Depois acordei. Senti a cabeça da srª van Daan em cima do meu pé.

-Dêem-me alguma coisa para vestir. Tenho frio.

Atiraram-me roupa. Mas não queiras saber o que era! Fiquei com calças de lã em cima do pijama, um «pulover» e uma saia preta, umas meias brancas e, por cima, soquetes rotos.

Agora a srª van Daan sentou-se numa cadeira e o sr. van Daan deitou-se no chão, também em cima dos meus pés. Comecei a pensar em tudo o que tinha acontecido e pus-me a tremer de tal forma que o sr. van Daan não pôde dormir. Preparei mentalmente as palavras que havíamos de dizer, caso a policia voltasse. Com certeza era preciso confessar-lhes que éramos «mergulhados». Ou eles eram bons holandeses - e então estávamos salvos - ou eram pró-nazis e então aceitavam dinheiro!

- Tira o rádio - suspirou a srª van Daan.

- Queres que o deite ao fogão? Se nos encontrarem, já não importa que encontrem também o rádio.

- Então encontram também o diário da Anne - disse o pai.

- E se o queimássemos? - propôs a pessoa mais medrosa do nosso grupo.

Este momento e aquele em que eu tinha ouvido as sacudidelas da Policia na porta giratória, foram para mim os mais terríveis.

- O meu diário não! O meu diário só será queimado comigo!

Graças a Deus, o pai já nem me respondeu.

Não vale a pena reproduzir todas as conversas. Confortei a srª van Daan, que estava cheia de um medo horrível. Falámos de fugas, interrogatórios, da Gestapo e da necessidade de sermos corajosos.

- Agora temos de ser valentes como os soldados, srª van Daan. Se nos apanharem, o nosso sacrifício será pela rainha, a pátria, a verdade e o direito, como dizem também na emissora de Orange.

O que mais me aflige é arrastarmos tanta gente para a infelicidade.

O sr. van Daan tornou a trocar o lugar com a sua mulher, o pai veio para junto de mim. Os homens fumavam sem interrupção, de vez em quando ouvia-se um suspiro fundo, depois alguém a correr ao cesto... e isto ainda se repetiu muitas vezes. Quatro horas, cinco horas, cinco e meia. Fui ao quarto do Peter. Ficámos sentados à janela, ouvíamos os ruídos, cada um sentia as vibrações do corpo do outro, tão encostados estávamos. Só dizíamos uma palavra, de longe em longe. Estávamos sempre atentos ao que se ia passando. Ao lado ouvimos alguém abrir as persianas.

Às sete, os senhores queriam telefonar ao Koophuis e pedir-lhe que mandasse alguém. Escreveram num papel o que lhe iam dizer. Havia o perigo de o guarda em frente da porta ouvir o toque do telefone, mas o perigo de a Policia voltar era maior ainda. Os tópicos a comunicar ao Koophuis eram os seguintes:

Assalto: a Policia entrou em casa, chegou até à porta giratória, mas não foi mais longe.

Ladrões, provavelmente apanhados em flagrante, arrombaram a porta do armazém e fugiram pelo quintal.

Porta principal trancada. O Kraler deve ter saído pela outra porta. As máquinas de escrever estão em segurança na caixa preta, no escritório particular.

Tentar avisar o Henk. Ir buscar a chave a casa da Elli.

Ele que venha cá ao escritório com o pretexto de que o gato precisa de comida.

Tudo se fez tal qual. Telefonou-se ao Koophuis, levámos as máquinas (que ainda estavam connosco em cima) para baixo, e guardámo-las na caixa preta. Sentámo-nos à volta da mesa e esperámos pelo Henk ou... pela Policia.

O Peter adormeceu. O sr. van Daan e eu acabamos por deitar-nos no chão. Depois ouvimos passos pesados. Eu disse, em voz baixa:

- É o Henk.

- Não, não, é a Policia, ouvi dizer alguém.

Bateram à porta. O assobio da Miep. Agora é que a srª van Daan não aguentou mais. Branca como a cal, sem forças, estava caída na cadeira, e se aquela tensão se tivesse prolongado por mais um minuto, ela teria desmaiado.

Quando a Miep e o Henk entraram no nosso quarto, ofereceu-se-lhes um lindo espectáculo. Só a mesa valia a pena ser fotografada. A revista «Filme e Teatro» aberta, e as fotos das lindas «estrelas» do bailado besuntadas com compota e com o remédio contra a diarreia. Dois frascos de compota, um pão e meio, espelho, pente, fósforos, cinza, cigarros, tabaco, cinzeiro, calcinhas, lâmpada de bolso, papel higiénico, etc., etc...

Já se vê, recebemos o Henk e a Miep com júbilo e lágrimas. O Henk tapou o buraco da porta com a tábua e depois foi à Policia para comunicar o assalto. A Miep encontrou debaixo da porta um aviso do guarda-nocturno que viu o buraco e avisou a Policia. O Henk foi também falar com ele.

Tínhamos uma meia hora para nos arranjarmos. Nunca vi uma tal metamorfose em tão pouco tempo. A Margot e eu abrimos as camas, fomos ao W.C., lavámo-nos, limpámos os dentes e penteámo-nos. Depois, num instante, arrumámos o quarto e voltámos para cima. A mesa já estava limpa. Fomos buscar água, fizemos café e chá e pusemos a mesa para o pequeno almoço. O pai e o Peter limparam o cesto sujo com água e cloro.

As onze horas já nos encontrávamos todos com o Henk à volta da mesa e acalmámos pouco a pouco. O Henk contou:

O guarda nocturno Slagter ainda estava a dormir. Falei com a mulher e ela disse-me que o marido, ao fazer a ronda nos cais, tinha reparado no buraco na nossa porta da rua. Foi procurar um policia e, juntos, rebuscaram a casa de cima a baixo. que na terça-feira viria fazer mais comunicações ao Kraler. Foi à esquadra da Policia, onde ainda não sabiam nada do assalto, mas tomaram nota e disseram que viriam cá também na terça-feira.

No regresso o Henk passou pela loja do hortaliceiro, na esquina, e contou-lhe do roubo.

- Eu sei, disse o hortaliceiro pachorrentamente. Passei, ontem à noite com minha mulher pelo vosso estabelecimento e vi o tal buraco na porta. Minha mulher não quis parar mas eu acendi a minha lâmpada de bolso e iluminei o interior. Os ladrões fugiram logo. Não chamei a Policia, pensei que seria melhor. Não sei nada, mas imagino algumas coisas...



O Henk agradeceu e foi-se embora. O hortaliceiro decerto suspeita de que estamos aqui, pois entrega as batatas sempre à hora do almoço. Um tipo às direitas.

Depois do Henk nos ter deixado - era uma hora - deitámo-nos para dormir. Às três menos um quarto acordei e já não vi o Dussel na sua cama. Ainda toda entorpecida encontrei, por acaso, o Peter no quarto de banho. Combinámos encontrar-nos depois em baixo, no escritório.

- Ainda sentes coragem para subir ao sótão ? - perguntou-me. Disse-lhe que sim, fui buscar a minha almofada e subimos. O tempo estava uma maravilha. Em breve as sereias começaram a dar alarme. Mas nós ficámos onde estávamos. O Peter deitou-me um braço em volta dos ombros e eu também deitei um braço em volta dos seus ombros, e assim ficámos muito calmos, até que veio a Margot chamar-nos para o lanche.

Comemos pão, tomámos limonada e já estávamos de novo dispostos a dizer brincadeiras uns aos outros. Depois disso não houve mais nada de especial. À noite agradeci ao Peter por ele ter sido o mais corajoso de todos nós.



Nunca nenhum de nós se tinha encontrado numa situação tão perigosa como a da noite passada. Deus protegeu-nos. Imagina a Policia a remexer na estante da nossa porta giratória, iluminada pela luz acesa, sem dar connosco!

Em caso de invasão, com bombardeamentos e tudo, cada um de nós pode responder por si próprio. Neste caso, porém, não se tratava só de nós, mas também dos nossos bondosos protectores.

Estamos salvos. Não nos abandones! É apenas isto que podemos suplicar.

Este acontecimento trouxe consigo algumas modificações. O sr. Dussel já não trabalha à noite no escritório do Kraler mas sim no quarto de banho. Às oito e meia e às nove e meia o Peter faz a ronda pela casa. Já não pode abrir a janela durante a noite. Depois das nove e meia não podemos utilizar o autoclismo do W.C. Hoje à noite vem um carpinteiro reforçar as portas do armazém. Há discussões a tal respeito, há quem pense que não se devia mandar fazer isso. O Kraler censurou a nossa imprudência e também o Henk disse que não devíamos em tais casos descer ao andar de baixo. Fizeram-nos ver bem que somos «mergulhados», judeus enclausurados, presos num sitio, sem direitos, mas carregados de milhares de deveres. Nós, judeus, não devemos deixar-nos arrastar pelos sentimentos, temos de ser corajosos e fortes e aceitar o nosso destino sem queixas, temos de cumprir tudo quanto possível e ter confiança em Deus. Há-de chegar o dia em que esta guerra medonha acabará, há-de chegar o dia em que também nós voltaremos a ser gente como os outros e não apenas judeus.

Quem foi que nos impôs este destino? quem decidiu excluir deste modo os judeus do convívio dos outros povos? quem nos fez sofrer tanto até agora? Foi Deus que nos trouxe o sofrimento e será Deus que nos libertará Se apesar de tudo isto que suportamos, ainda sobreviverem judeus, estes servirão a todos os condenados como exemplo. Quem sabe, talvez venha ainda o dia em que o Mundo se aperceba do bem através da nossa fé, e talvez seja por isso que temos de sofrer tanto. Nunca poderemos ser só holandeses, ingleses ou súbditos de qualquer outro pais. Seremos sempre, além disso, judeus. E queremos sê-lo.

Não percamos a coragem. Temos de ter consciência da nossa missão. Não nos queixemos, que o dia da nossa salvação há-de chegar. Nunca Deus abandonou o nosso povo. Através de todos os séculos os judeus sobreviveram.

Através de todos os séculos houve sempre judeus a sofrer, mas através de todos os séculos se mantiveram fortes. Os fracos desaparecem mas os fortes sobrevivem e não morrerão!

Naquela noite pensei que ia morrer. Esperava pela Policia, estava preparada como os soldados no campo de batalha, prestes a sacrificar-me pela pátria. Agora que estou salva, o meu desejo é naturalizar-me holandesa depois da guerra.

E Gosto dos holandeses, gosto desta terra e da sua língua. É aqui que gostava de trabalhar. E se for preciso escrever à própria rainha, não hei-de desistir enquanto não conseguir este meu fim.

Sinto-me cada vez mais independente dos meus pais. Embora seja muito nova ainda, sei, no entanto, que tenho mais coragem de viver e um sentido de justiça mais apurado, mais seguro do que a mãe. Sei o que quero, tenho uma finalidade, uma opinião, tenho fé e amor. Deixem-me ser eu mesma e estarei satisfeita. Tenho consciência de ser mulher, uma mulher com força interior e com muita coragem.

Se Deus me deixar viver, hei-de ir mais longe de que a mãe. Não quero ficar insignificante. quero conquistar o meu lugar no Mundo e trabalhar para a Humanidade.

O que sei é que a coragem e a alegria são os factores mais importantes na vida!


Tua Anne


Uma lição de vida, que não deveriamos esquecer.

Melody

A Menina Coragem



ANNE FRANK




Jovem judia universalmente conhecida pelo diário que escreveu durante o período da
perseguição nazi


[ Frankfurt , 1929 - Bergen-Belsen, 1945 ]



Ann Frank relata, no seu diário, os dois anos que, para fugir à perseguição anti-semita, viveu refugiada com a sua família e alguns amigos nas águas-furtadas de um edifício de Amesterdão, durante os quais desponta para o amor e revela uma profunda sensibilidade muito superior àquela que seria natural possuir na sua idade.
Devido a uma denúncia, ela e a sua família acabariam por ser descobertas.
Levada para o campo de concentração de Bergen-Belsen, torna-se numa das sete milhões de vítimas do holocausto.
O seu diário, encontrado depois do final da guerra, foi traduzido para inúmeras línguas, transformando-se num «best-seller» e tornando esta jovem num símbolo da causa judaica.
É, ainda, autora do livro Contos, onde revela, para além de um enorme desejo de paz, uma profunda esperança na Humanidade.
As águas-furtadas onde Anne Frank viveu durante os dois anos de refúgio, recebem, diariamente, milhares de pessoas, tendo-se transformado num dos locais mais visitados da cidade de Amesterdão.

É na luta, na coragem e na esperança de vencermos as adversidades, que encontramos o sentido da vida.

Melody


sábado, outubro 13, 2007

Drive




Inês, minha doce menina que a vida levou, cedo demais para o outro lado do muro, aqui está o tema dos Incubus, com que tanto te identificavas e tantas vezes cantámos.

Estejas onde estiveres, recebe mil beijos de quem te guardará para sempre no coração.

Até um dia, querida "BIRUTA".


Melody

Salomé



No precurso da nossa vida, aparecem-nos por vezes pessoas especiais.


São pessoas que têm a habilidade de dividir a sua vida com os outros, são honestas nas atitudes, são sinceras e compassivas e dão por certo que o amor é parte de tudo.


As pessoas especiais têm a habilidade de se doar aos outros e ajudá-los nas mudanças que possam surgir nos seus caminhos, são as que se permitem o prazer de estar próximo de cada um de nós e se importam com o nosso bem estar.


Elas vieram para nos ensinar que o amor faz a diferença e que a felicidade só se consegue tirando partido das pequenas coisas que a vida nos ofereçe.


A Salomé era tudo isto e muito mais.


Uma linda mulher, lutadora, criativa, sensual, portadora de um lindo sorriso e com uma forma de estar que nunca passaria despercebida a quem com ela se cruzasse.


Por pouco que se convivesse com ela, deixaria sempre uma marca indelével, impossivel de esquecer.


Por tudo o que atrás foi dito, resta-me agradecer à vida ter tido o privilégio de me ter cruzado com Ela.


Obrigada Salomé.



Deixo aqui um poema, cujo conteúdo, penso, Ela gostaria de nos transmitir:



La mort n'est rien, je suis simplement dans la pièce à côté

Je suis moi, vous êtes vous

Ce que j'étais pour vous, je le suis toujours

Parlez-moi comme vous l'avez toujours fait

Donnez-moi le nom que vous m'avez toujours donné

Continuez à rire de ce qui nous faisait rire ensemble

N'employez pas un ton différent

Que mon nom soit prononcé à la maison comme il l'a toujours été

Je ne suis pas loin,

Juste de l'autre côté du chemin

(Canon Henry Scott)



Melody



Bridge Across Forever



There's a bridge made of light
That crosses between death and life
Where shadows walk in the sun
And desperate lovers run
One day a child and an angel
Stood on either side
Of a magic river
That there was no crossing
But as they tried
The water began to rise
Then they raised their eyes

And as the river fell away
They built a bridge across forever
Between tomorrow and today
There is a bridge across forever

I've had this dream all my life
That doesn't live in black and white
It has no end it just begins
In distant sands and magenta winds
And my love she is standing by the side
Of a magic river that there is no crossing
Maybe someday when our spirits begins to rise
And light fills our eyes

We will meet again someday
On the bridge across forever
I know that we will find our way
To the bridge across forever
Between tomorrow and today
There is a bridge across forever
I know that we will find our way
To the bridge across forever.


Wordless...
Melody





quarta-feira, agosto 15, 2007

Cidade dos Anjos



Um filme maravilhoso, que nos dá as respostas para muitas das perguntas que fazemos.


Todos os caminhos têm um preço.


Tudo tem um fim.


Melody

Para que nunca se esqueçam...




Líder político alemão, e um dos ditadores mais poderosos do século XX, que converteu a Alemanha numa sociedade totalmente militarizada e que despoletou a II Guerra Mundial. Fazendo o anti-semitismo uma das bases da sua propaganda e política, criou o partido Nacional-Socialista (NAZI) e levou-o às massas. Foi responsável pela chacina de milhões de seres humanos, dos quais 6 milhões eram Judeus devido às suas obscuras crenças e teorias da raça pura.

Hitler nasceu em Braunau am Inn, na Austria, a 20 de Abril de 1889. Filho de um oficial de alfândega e de uma camponesa, nunca terminou o liceu devido às poucas condições económicas. Candidatou-se à Academia de Belas-artes de Viena, tendo sido rejeitado por alegada falta de talento. Permaneceu em Viena até 1913 tendo subsistido primeiro devido a uma pensão para órfãos e depois através do dinheiro que ganhava com a venda dos seus desenhos.

O seu conhecimento de literatura era enorme, tendo desenvolvido convicções antidemocráticas e anti-semitas, o culto da personalidade e do controlo das massas.

Na I Guerra Mundial, na altura a viver em Munique, voluntariou-se para o exército Bávaro, tendo-se revelado um soldado corajoso e dedicado, embora nunca tenha sido promovido para além de oficial de primeira categoria pois os seus superiores consideravam-no um homem sem perfil de líder. Após a derrota alemã em 1918, regressou a Munique, mantendo-se no exército até 1920. Em 1919 juntou-se ao partido trabalhista alemão, um partido nacionalista e em abril de 1920 tomou cargo permanente no partido, agora chamado Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NAZI). Em 1921 foi eleito presidente do partido (Führer), como total poder de decisão.

Organizando sucessivas reuniões, aterrorizando os partidos de oposição com acções violentas de grupos de rufiões, espalhou os seus ideais racistas e nacionalistas, rapidamente tornando-se numa figura de destaque no circulo de política Bávaro, apoiado por muitos militares e magnatas da industria.

Em 1923, estando a Alemanha imersa num profundo estado de caos e pobreza, liderou os seus subalternos num golpe de estado contra o governo vigente, a República de Weimar, o denominado Beer Hall Putsch, que sem o apoio efectivo do exército, colapsou em pouco tempo.

Como cabecilha do golpe, Hitler foi condenado a cinco anos de prisão, comutados para oito meses de prisão efectiva após uma amnistia geral em Dezembro de 1924. É neste período que Hitler escreve o seu manifesto autobiográfico, Mein Kampf (A minha luta).

Em 1929 a Alemanha estava imersa numa profunda crise económica, como o desemprego a crescer em flecha, acompanhado duma baixa produção interna e uma enorme divida externa (resultante das indemnizações de guerra do Tratado de Versailles) aliada a uma inflação incomportável pelo erário publico. Neste cenário Hitler e o seu partido oferecem uma solução para a crise, apelidando-a de ser "um plano judaico-comunista com vista a destruir a Alemanha". Muitos alemães uniram-se à sua causa, tendo conseguido 12 assentos no Reichstag (parlamento) em 1928 e um espantoso aumento para 107 em 1930.

Durante os dois anos seguintes o partido conheceu anos de expansão, graças à pressão social derivada do desemprego crescente, medo do comunismo, força pessoal de Hitler e das lutas entre os seus rivais politicos. Contudo esperava-se que quando Hitler subiu ao poder, em 1933, enquanto Chanceler, fosse um fantoche dos grupos influentes.

Durante os primeiros tempos de governo, Hitler rapidamente estabeleceu um regime ditatorial e autoritário, banindo os partidos político, expulsando os seus oponentes para campos de concentração, dissolvendo sindicatos e coligações, unindo-os numa tal de "Frente Trabalhista Alemã". A censura instalou-se e a influencia do partido cresceu dentro dos orgãos judiciais e executivos.

Através de uma política industrial de re-armamento o desemprego foi drasticamente reduzido, e recorrendo a ambiciosos programas de entertenimento (tais como as primeiras experiencias no âmbito da televisão pública) aliados a uma impressionante actuação no campo da política externa levaram ao apoio da maioria da população.

Cometem-se erros, que deveriam estar sempre presentes nas nossas memórias!

Melody

domingo, agosto 05, 2007

To a special friend of a life time



Thank you for always having been by my side.


Melody

To My Friends

Melody

Warning...


Melody

sábado, agosto 04, 2007

A Mentira



É na faculdade de mentir, que caracteriza a maior parte dos homens actuais, que se baseia a civilização moderna. Ela firma-se, como tão claramente demonstrou Nordau, na mentira religiosa, na mentira política, na mentira económica, na mentira matrimonial, etc... A mentira formou este ser, único em todo o Universo: o homem antipático.
Actualmente, a mentira chama-se utilitarismo, ordem social, senso prático; disfarçou-se nestes nomes, julgando assim passar incógnita. A máscara deu-lhe prestígio, tornando-a misteriosa, e portanto, respeitada. De forma que a mentira, como ordem social, pode praticar impunemente, todos os assassinatos; como utilitarismo, todos os roubos; como senso prático, todas as tolices e loucuras.

A mentira reina sobre o mundo! Quase todos os homens são súbditos desta omnipotente Majestade. Derrubá-la do trono; arrancar-lhe das mãos o ceptro ensaguentado, é a obra bendita que o Povo, virgem de corpo e alma, vai realizando dia a dia, sob a direcção dos grandes mestres de obras, que se chamam Jesus, Buda, Pascal, Spartacus, Voltaire, Rousseau, Hugo, Zola, Tolstoi, Reclus, Bakounine, etc. etc. ...
E os operários que têm trabalhado na obra da Justiça e do Bem, foram os párias da Índia, os escravos de Roma, os miseráveis do bairro de Santo António, os Gavroches, e os moujiks da Rússia nos tempos de hoje. Porque é que só a gente sincera, inculta e bárbara sabe realizar a obra que o génio anuncia? Que intimidade existirá entre Jesus e os rudes pescadores da Galileia? Entre S. Paulo e os escravos de Roma? Entre Danton e os famintos do bairro de Santo António? Entre os párias e Buda? Entre Tolstoi e os selvagens moujiks? A enxada será irmã da pena? A fome de pão paracer-se-à com a fome de luz?...

Teixeira de Pascoaes, in "A Saudade e o Saudosismo"



Melody

quinta-feira, julho 26, 2007

To My Immortal



There´s always an Immortal inside us....


Melody

quinta-feira, julho 12, 2007

As Sete Maravilhas

Sete maravilhas do Mundo Antigo


(Farol de Alexandria)


A origem da lista é duvidosa, normalmente atribuída ao poeta e escritor grego Antípatro de Sídon, que escreveu sobre as estruturas em um poema. Outro documento que contem tal lista é o livro De septem orbis miraculis, do engenheiro grego Philon de Bizâncio. A lista também é conhecida como Ta hepta Thaemata ("as sete coisas dignas de serem vistas"). Os gregos foram os primeiros povos a relacionar as sete maravilhas do mundo entre os anos 150 e 120 a.C.. Extraordinários monumentos e esculturas erguidos pela mão do homem, construídos na antigüidade fascinam por sua majestade, riqueza de detalhes e magnitude até hoje. Podemos imaginar o aspecto que outros monumentos e esculturas tinham a partir de descrições e reproduções estilizadas em moedas.


Eram elas:

1 As sete maravilhas
1.1 Pirâmides de Gizé
1.2 Jardins Suspensos da Babilônia
1.3 Estátua de Zeus em Olímpia
1.4 Templo de Ártemis em Éfeso
1.5 Mausoléu de Halicarnasso
1.6 Colosso de Rodes
1.7 Farol de Alexandria


(in Wikipédia)


Novas Sete Maravilhas do Mundo





(Machu Picchu)

A escolha das Sete Novas Maravilhas do Mundo, foi organizada pela fundação New 7 Wonders, com sede em Zurique. A fundação foi criada em 2001 pelo filantropo suíço Bernard Weber, com o objetivo de proteger o património da humanidade.

1 A lista original
2 Novas Sete Maravilhas do Mundo
3 Listas alternativas
3.1 Maravilhas modernas
3.2 Maravilhas naturais
3.3 Maravilhas subaquáticas
4 Veja também
5 Ligações externas e referências
5.1 Sobre as sete maravilhas da Antiguidade
5.2 Sobre as listas alternativas
5.3 As sete maravilhas de Portugal
6 Notas


(Wikipédia)

Será que estas Sete Maravilhas durarão tantos séculos como as suas antecessoras?

Farão elas parte do imaginário infantil, como as que nos foram ensinadas e por nós tantas vezes idealisadas?

Darei o benefício da dúvida...ou talvez não...!

Melody

sábado, julho 07, 2007

O Declínio da Terra




A União Europeia publicou, na semana passada, um relatório científico segundo o qual as alterações climáticas devastarão o continente, à medida que o aumento das temperaturas vai destruindo os ecossistemas.



A tradicional fertilidade dos solos europeus, que deu ao mundo a vinha e o olival e que actualmente produz cruciais quantidades de cereais, leite e lacticínios, não sobreviverá às alterações climáticas deste século. A vida selvagem será, também, completamente destruída.



Prevê-se que o Mediterrâneo se torne demasiado quente para as actividades turísticas que tanto contribuem para a economia dos países da região e a neve de montanhas como os Alpes derreterá, resultando também em enormes consequências económicas. Os impactos sociais também serão sentidos, com o aumento da taxa de mortalidade causada pelo calor e de eventos meteorológicos extremos.



De acordo com o The Independent, este relatório deverá ser utilizado pela União Europeia na defesa das novas metas anunciadas para a redução das emissões de gases com efeito de estufa, no esforço de combate às alterações climáticas.



A Comissão Europeia já propôs a definição de novos objectivos para 2020, advogando a diminuição das emissões da Europa em 30 por cento, se outros países desenvolvidos aderirem à iniciativa. Sem a participação destes, a União Europeia está disposta a reduzir as emissões, mesmo assim, em 20 por cento, face aos níveis de 1990.



A realidade é que os elementos essenciais da vida humana civilizada, como a alimentação, a água, a madeira e o combustível, estão todos dependentes do funcionamento equilibrado dos ecossistemas. Se as alterações climáticas devastarem, como previsto, esses ecossistemas, as consequências serão desastrosas.



«Embora resultem em melhorias para alguns serviços ecossistémicos, uma grande porção sofrerá impactes adversos devido à seca, à redução da fertilidade dos solos, aos incêndios e outros factores causados pelas alterações climáticas», lê-se no relatório comunitário.



«A Europa pode esperar um declínio da terra arável, um declínio nas áreas florestais do Mediterrâneo, um declínio nos armazéns de carbono e na fertilidade dos solos e um aumento do número de bacias com escassez de água. Aumentará a perda de biodiversidade», cita o The Independent.



O relatório admite que alguns países sairão beneficiados das alterações climáticas. O Norte da Europa deverá conhecer um acréscimo dos rendimentos agrícolas, a par de uma popularização da actividade turística devido às temperaturas demasiado quentes do Sul do continente. As mortes devidas às baixas temperaturas de Inverno vão baixar.



Contudo, os efeitos negativos são muito superiores a estas vantagens. Nos países do Mediterrâneo, a produção agrícola vai decrescer dramaticamente devido às secas e os incêndios florestais vão tornar-se ainda mais frequentes, dificultando a actividade agrícola. Além disso, alguns stocks de espécies piscatórias vão deslocar-se dos seus presentes habitats à medida que a água do mar for aquecendo.



Outras ameaças directas das alterações climáticas são mencionadas pelo relatório, como é o caso dos custos de intervenções nas áreas costeiras para controlar o aumento do nível das águas do mar; prevê-se que este tipo de obras venha a custar milhares de milhões de euros.



Acresce que a frequência e magnitude de desastres naturais vão subir, com inundações cada vez mais frequentes e severas a afectar muitas áreas do continente europeu. Os custos totais dos danos causados por este tipo de eventos deverão subir de 47,5 mil milhões para 66 mil milhões de euros, no caso de um aumento da temperatura média de 3ºC.

(in The Independent)


Melody

sábado, junho 23, 2007

The Lock Ness Monster´s Song



Sssnnnwhuffffll?
Hnwhuffl hhnnwfl hnfl hfl?
Gdroblboblhobngbl gbl gl g g g g glbgl.
Drublhaflablhaflubhafgabhaflhafl fl fl -
gm grawwwww grf grawf awfgm graw gm.
Hovoplodok - doplodovok - plovodokot - doplodokosh?
Splgraw fok fok splgrafhatchgabrlgabrl fok splfok!
Zgra kra gka fok!
Grof grawff gahf?
Gombl mbl bl -
blm plm,
blm plm,
blm plm,
blp



Tal como o Monstro esta canção é um autêntico enigma (ou talvez não...).


Melody

O Caso do Triângulo


Uma área no Oceano Atlântico ao largo da Florida onde a lenda afirma que muitos navios, aviões e pessoas desapareceram. Tambem conhecido como o Triângulo do Diabo, é limitado por Melbourne (Florida), Bermudas e Porto Rico. Como tantos desapareceram depende de que faz a localização e a contagem. O tamanho do triângulo varia de 500.000 milhas quadradas a três vezes mais, dependendo da imaginação do autor (alguns chegam a incluir os Açores, o Golfo do México e as Indias Ocidentais no "triangulo"). Alguns traçam o mistério até Colombo. Mesmo assim, os incidentes vão de 200 a não mais de 1000 nos ultimos 500 anos. Howard Rosenberg afirma que em 1973 a Guarda Costeira dos EUA respondeu a mais de 8.000 pedidos de ajuda na área e que mais de 50 navios e 20 aviões se perderam na zona, durante o ultimo século.

Muitas teorias foram dadas para explicar o extraordinário mistério dos aviões e navios desaparecidos. Extraterrestres, residuos de cristais da Atlantida, humanos com armas anti-gravidade ou outras tecnologias esquisitas, vórtices da quarta dimensão, estão entre os favoritos dos escritores de fantasias. Campos magnéticos estranhos, flatulências oceanicas (gaz metano do fundo do oceano) são os favoritos dos mais técnicos. O tempo (tempestades, furacões, tsunamis, terramotos, ondas, correntes, etc.) azar, piratas, cargas explosivas, navegantes incompetentes e outras causas naturais e humanas são as favoritas entre os investigadores cépticos.

Alguns cépticos argumentam que os factos não apoiam a lenda e que não existe mistério a ser solucionado, nada a necessitar de explicação. O numero de naufrágios na zona não é extraordinário, dado o seu tamanho, localização e o tráfego que recebe. Muitos dos navios e aviões que foram identificados como desaparecendo no Triangulo das Bermudas não estavam sequer no Triangulo. Até agora, não foi apresentada nenhuma prova cientifica de qualquer fenómeno invulgar envolvido nos desaparecimentos. Portanto, nenhumas explicações "cientificas", incluindo o metano a soltar-se do fundo do oceano, as perturbações magnéticas, etc., são necessárias. O verdadeiro mistério é como o Triangulo das Bermudas se tornou um mistério.

A lenda acerca do Triângulo das Bermudas começou pouco depois de cinco aviões da Marinha dos Estados Unidos (Missão 19) terem desaparecido em 1945 durante uma violenta tempestade, durante uma missão de treino. Pensou-se que mergulhadores tinham descoberto os aviões junto da costa europeia mas a inspecção dos numeros de série mostrou que se tratava de diferentes aviões. A teoria mais lógica é que os instrumentos do aparelho que comandava a missão falharam (os aviões de treino não estavam equipados com instrumentos de navegação) e o grupo perdeu-se e simplesmente, embora trágicamente, ficaram sem combustível não longe de terra. Nenhuma força misteriosa parece estar envolvida para lá das forças da natureza. Os aviões da Missão 19 podem estar afundados em águas profundas e nunca mais serem encontrados.

Ao longo dos anos, os orgãos de informação teem publicado muitas histórias sobre os "mistérios" do Triângulo das Bermudas. No seu estudo, Larry Kushe descobriu que poucos fizeram alguma investigação sobre o assunto. Em vez disso, passaram as especulações dos precessores como se passassem o sumo da verdade. Ninguem fez mais para criar o mito das forças misteriosa no Triângulo do que Charles Berlitz (é mesmo o das escolas de linguas). Um dos seus maiores criticos é Larry Kushe que afiança que "Se Berlitz afirmar que um barco é vermelho, a possibilidade de ele ser de outra cor é quase uma certeza." Após examinar mais de 400 páginas oficiais da Marinha dos EUA do relatório sobre o desaparecimento dos aviões em 1945, Kushe concluiu que nada havia de estranho no incidente nem encontrou qualquer menção de alegadas comunicações radio citadas por Berlitz no seu livro. Segundo Kushe, o que não é mal interpretado por Berlitz é inventado. Já agora, Berlitz não inventou o nome. Este foi dado por Vincent Gaddis em "The Deadly Bermuda Triangle", que apareceu em Fevereiro de 1964 na Argosy, uma revista dedicada à ficção.

Em resumo, o mistério do Triangulo das Bermudas é um tipo de reenforço comunal entre autores acriticos e orgãos de comunicação que passam a ideia especulativa de que algo misterioso se passa no Atlantico.


Mais um caso para os agentes Mulder e Scully.

Um tema fascinante que originou muita conversa ao serão, na minha casa.

Melody

Deixa-me Rir



Deixa-me rir
essa história não e tua
falas da festa, do sol e do prazer
mas nunca aceitaste o convite
tens medo de te dar
e não e teu o que queres vender

Deixa-me rir
tu nunca lambeste uma lágrima
desconheces os cambiantes do seu sabor
nunca seguiste a sua pista
do regaço à nascente
não me venhas falar de amor

Pois é, pois é
há quem viva escondido a vida inteira
Domingo sabe de cor, o que vai dizer
Segunda Feira

Deixa-me rir
Tu nunca auscultaste esse engenho
de que falas com tanto apreço
esse curioso alambique
onde são destilados
noite e dia o choro e o riso

Deixa-me rir
Ou entao deixa-me entrar em ti
ser o teu mestre so por um instante
iluminar o teu refúgio
aquecer-te essas mãos
rasgar-te a mascara sufocante

Pois é, pois é
ha quem viva escondido a vida inteira
Domingo sabe de cor, o que vai dizer
Segunda Feira


(Jorge Palma)


Dedicado a um amigo.


Melody

sábado, junho 16, 2007

Memórias...



Penny lane there is a barber showing photographs
Of every head he´s had the pleasure to have known
And all the people that come and go
Stop and say hello

On the corner is a banker with a motor car
The little children laugh at him behind his back
And the banker never wears a mac
In the pouring rain
Very strange

Penny lane is in my ears and in my eyes
There beneath the blue suburban skies
I sit and meanwhile back

In penny lane there is a fireman with an hourglass
And in his pocket is a portrait of the queen
He likes to keep his fire engine clean
It´s a clean machine

Penny lane is in my ears and in my eyes
A four of fish and finger pies
In summer, meanwhile back

Behind the shelter in the middle of the roundabout
The pretty nurse is selling poppies from a tray
And though she feels as if she´s in a play
She is anyway

Penny lane the barber shaves another customer
We see the banker sitting waiting for a trim
And then the fireman rushes in
From the pouring rain
Very strange

Penny lane is in my ears and in my eyes
There beneath the blue suburban skies
Penny lane is in my ears and in my eyes
There beneath the blue suburban skies
Penny lane


O primeiro disco dos Beatles editado em Portugal.


Este grupo teve uma forte influência na minha sensibilidade musical e na procura de novas sonoridades.


Por tudo isso o meu obrigada ao grupo de Liverpool.


Melody

Ao Meu Pai




Até um dia paiéééééé!!!!

Melody

sábado, maio 26, 2007

Dirty Dance-Time Of My Life




Um filme que ainda hoje me emociona,pelos valores transmitidos e tantas vezes por mim vividos:

Amizade!

Amor!

Sensualidade!

Confiança!

Verdade!

Musica!

Dança!

Melody

Um outro olhar sobre Israel

sexta-feira, maio 11, 2007

Memorial do Convento (resumo)




«Um romance histórico inovador. Personagem principal, o Convento de Mafra. O escritor aparta-se da descrição engessada, privilegiando a caracterização de uma época. Segue o estilo: "Era uma vez um rei que fez promessas de levantar um convento em Mafra... Era uma vez a gente que construiu esse convento... Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes... Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido". Tudo, "era uma vez...". Logo a começar por "D. João, quinto do nome na tabela real, irá esta noite ao quarto de sua mulher, D. Maria Ana Josefa, que chegou há mais de dois anos da Áustria para dar infantes à coroa portuguesa a até hoje ainda não emprenhou (...). Depois, a sobressair, essa espantosa personagem, Blimunda, ao encontro de Baltasar. Milhares de léguas andou Blimundo, e o romance correu mundo, na escrita e na ópera (numa adaptação do compositor italiano Azio Corghi). Para a nossa memória ficam essas duas personagens inesquecíveis, um Sete Sóis e o outro Sete Luas, a passearem o seu amor pelo Portugal violento e inquisitorial dos tristes tempos do rei D. João V.» (Diário de Notícias, 9 de Outubro de 1998).

Um livro inesquecível e imperdível como todos os livros deste nosso escritor.


Melody

José Saramago



José Saramago nasceu na aldeia ribatejana de Azinhaga, concelho de Golegã, no dia 16 de Novembro de 1922, embora o registo oficial mencione o dia 18. Seus pais emigraram para Lisboa quando ele ainda não perfizera três anos de idade. Toda a sua vida tem decorrido na capital, embora até ao princípio da idade madura tivessem sido numerosas e às vezes prolongadas as suas estadas na aldeia natal. Fez estudos secundários (liceal e técnico) que não pôde continuar por dificuldades económicas.

No seu primeiro emprego foi serralheiro mecânico, tendo depois exercido diversas outras profissões, a saber: desenhador, funcionário da saúde e da previdência social, editor, tradutor, jornalista. Publicou o seu primeiro livro, um romance ("Terra do Pecado"), em 1947, tendo estado depois sem publicar até 1966. Trabalhou durante doze anos numa editora, onde exerceu funções de direcção literária e de produção. Colaborou como crítico literário na Revista "Seara Nova".

Em 1972 e 1973 fez parte da redacção do Jornal "Diário de Lisboa" onde foi comentador político, tendo também coordenado, durante alguns meses, o suplemento cultural daquele vespertino. Pertenceu à primeira Direcção da Associação Portuguesa de Escritores. Entre Abril e Novembro de 1975 foi director-adjunto do "Diário de Notícias". Desde 1976 vive exclusivamente do seu trabalho literário.

Um dos melhores escritores Portugueses.

Melody

terça-feira, maio 08, 2007

Touch Me


Touch me --- in secret places no one has reached before,
--- in silent places where words only interfere,
--- in sad places where only whispering makes sense.

Touch me --- in the morning when night still clings,
--- at midday when confusion crowds upon me,
--- at twilight as I begin again to know who I am,
--- in the evening when I see you and I hear you best of all.

Touch me --- like a child who will never have enough love,
--- for I am a girl who wants to be lost in your arms,
a woman who has known enough pain to love,
a mother who is strong enough to give.

Touch me --- in crowds when a single look says everything,
--- in solitude when it's too dark to even look,
--- in absence when I reach for you through time and miles.

Touch me --- when I ask,
--- when I'm afraid to ask.

Touch me --- with your lips,
your hands,
your words,
your presence in the room.

Touch me --- gently for I am fragile,
--- firmly for I am strong,
--- often for I am alone.

Poema-Prosa de um anónimo que pela intensidade das palavras-imagens, me tocou profundamente.


Melody

segunda-feira, maio 07, 2007

A Alma dos Diferentes


".. Ah, o diferente, esse ser especial!

Diferente não é quem pretenda ser. Esse é um imitador do que ainda não
foi imitado, nunca um ser diferente.

Diferente é quem foi dotado de alguns mais e de alguns menos em hora,
momento e lugar errados para os outros. Que riem de inveja de não serem
assim. E de medo de não aguentar, caso um dia venham, a ser. O diferente é
um ser sempre mais próximo da perfeição.

O diferente nunca é um chato. Mas é sempre confundido por pessoas menos
sensíveis e avisadas. Supondo encontrar um chato onde está um diferente,
talentos são rechaçados; vitórias, adiadas; esperanças, mortas. Um diferente
medroso, este sim, acaba transformando-se num chato. Chato é um diferente
que não vingou.

Os diferentes muito inteligentes percebem porque os outros não os
entendem. Os diferentes raivosos acabam tendo razão sozinhos, contra o mundo
inteiro. Diferente que se preza entende o porquê de quem o agride. Se o
diferente se mediocrizar, mergulhará no complexo de inferioridade.

O diferente paga sempre o preço de estar - mesmo sem querer - alterando
algo, ameaçando rebanhos, carneiros e pastores. O diferente suporta e digere
a ira do irremediavelmente igual: a inveja do comum; o ódio do mediano. O
verdadeiro diferente sabe que nunca tem razão, mas que está sempre certo.

O diferente começa a sofrer cedo, já no primário, onde os demais de mãos
dadas, e até mesmo alguns adultos por omissão, se unem para transformar o
que é peculiaridade e potencial em aleijão e caricatura. O que é percepção
aguçada em : "Puxa, fulano, como você é complicado". O que é o embrião de um
estilo próprio em : "Você não está vendo como todo mundo faz? "

O diferente carrega desde cedo apelidos e marcações os quais acaba
incorporando. Só os diferentes mais fortes do que o mundo se transformaram
( e se transformam) nos seus grandes modificadores.

Diferente é o que vê mais longe do que o consenso. O que sente antes mesmo
dos demais começarem a perceber. Diferente é o que se emociona enquanto
todos em torno agridem e gargalham. É o que engorda mais um pouco; chora
onde outros xingam; estuda onde outros burram. Quer onde outros cansam.
Espera de onde já não vem. Sonha entre realistas. Concretiza entre
sonhadores. Fala de leite em reunião de bêbados. Cria onde o hábito
rotiniza. Sofre onde os outros ganham.

Diferente é o que fica doendo onde a alegria impera. Aceita empregos que
ninguém supõe. Perde horas em coisas que só ele sabe importantes. Engorda
onde não deve. Diz sempre na hora de calar. Cala nas horas erradas. Não
desiste de lutar pela harmonia. Fala de amor no meio da guerra. Deixa o
adversário fazer o golo, porque gosta mais de jogar do que de ganhar. Ele
aprendeu a superar riso, deboche, escárnio, e consciência dolorosa de que a
média é má porque é igual.

Os diferentes aí estão: enfermos, paralíticos, machucados, engordados,
magros demais, inteligentes em excesso, bons demais para aquele cargo,
excepcionais, narigudos, barrigudos, joelhudos, de pé grande, de roupas
erradas, cheios de espinhas, de malícia ou de baba. Aí estão,
doendo e doendo, mas procurando ser, conseguindo ser, sendo muito mais.

A alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas
deslumbrantes que eles guardam para os pouco capazes de os sentir entender.
Nessas moradas estão tesouros da ternura humana. De que só os diferentes são
capazes.

Não mexa com o amor de um diferente. A menos que você seja
suficientemente forte para suporta-lo depois."

Artur da Távola

A Maldade


"A maldade é congénere do homem"


O desaparecimento de Madeleine McCann e de tantas outras, por este Mundo fora, justifica a citação acima como uma verdade irrefutável.


O homem é o animal que dentro da sua racionalidade, é mais irracional do que todos os outros.


Preferia ter nascido libelinha!


Melody

quarta-feira, maio 02, 2007

Carta de Mia Couto ao Presidente Bush.



Senhor Presidente:

Sou um escritor de uma nação pobre, um país que já esteve na vossa lista negra. Milhões de moçambicanos desconheciam que mal vos tínhamos feito.
Éramos pequenos e pobres: que ameaça poderíamos constituir? A nossa arma de destruição massiva estava, afinal, virada contra nós: era a fome e a miséria.
Alguns de nós estranharam o critério que levava a que o nosso nome fosse manchado enquanto outras nações beneficiavam da vossa simpatia. Por exemplo, o nosso vizinho - a África do Sul do "apartheid" - violava de forma flagrante os direitos humanos. Durante décadas fomos vítimas da
agressão desse regime. Mas o regime do "apartheid" mereceu da vossa parte uma atitude mais branda: o chamado "envolvimento positivo". O ANC esteve também na lista negra como uma "organização terrorista!".
Estranho critério que levaria a que, anos mais tarde, os taliban e o próprio Bin Laden fossem chamadas de "freedom fighters" por estrategas norte-americanos.
Pois eu, pobre escritor de um pobre país, tive um sonho. Como Martin Luther King certa vez sonhou que a América era uma nação de todos os americanos. Pois sonhei que eu era não um homem mas um país. Sim, um país que não conseguia dormir. Porque vivia sobressaltado por terríveis factos. E esse temor fez com que proclamasse uma exigência. Uma exigência que tinha a ver consigo, Caro Presidente. E eu exigia que os Estados Unidos da América procedessem à eliminação do seu armamento de destruição massiva.
Por razão desses terríveis perigos eu exigia mais: que inspectores das Nações Unidas fossem enviados para o vosso país. Que terríveis perigos me alertavam? Que receios o vosso país me inspiravam? Não eram produtos de sonho, infelizmente. Eram factos que alimentavam a minha desconfiança. A lista é tão grande que escolherei apenas alguns:
- Os Estados Unidos foram a única nação do mundo que lançou bombas atómicas sobre outras nações;
- O seu país foi a única nação a ser condenada por "uso ilegítimo da força" pelo Tribunal Internacional de Justiça;
- Forças americanas treinaram e armaram fundamentalistas islâmicos mais extremistas (incluindo o terrorista Bin Laden) a pretexto de derrubarem os invasores russos no Afeganistão;
- O regime de Saddam Hussein foi apoiado pelos EUA enquanto praticava as piores atrocidades contra os iraquianos (incluindo o gaseamento dos curdos em 1988);
- Como tantos outros dirigentes legítimos, o africano Patrice Lumumba foi assassinado com ajuda da CIA. Depois de preso e torturado e baleado na cabeça o seu corpo foi dissolvido em ácido clorídico;
- Como tantos outros fantoches, Mobutu Seseseko foi por vossos agentes conduzido ao poder e concedeu facilidades especiais à espionagem americana: o quartel-general da CIA no Zaire tornou-se o maior em África. A ditadura brutal deste zairense não mereceu nenhum reparo dos

EUA até que ele deixou de ser conveniente, em 1992;
- A invasão de Timor Leste pelos militares indonésios mereceu o apoio dos EUA. Quando as atrocidades foram conhecidas, a resposta da Administração Clinton foi "o assunto é da responsabilidade do governo indonésio e não queremos retirar-lhe essa responsabilidade";
- O vosso país albergou criminosos como Emmanuel Constant, um dos líderes mais sanguinários do Taiti, cujas forças para-militares massacraram milhares de inocentes. Constant foi julgado à revelia e as novas autoridades solicitaram a sua extradição. O governo americano recusou o pedido.
- Em Agosto de 1998, a força aérea dos EUA bombardeou no Sudão uma fábrica de medicamentos, designada Al-Shifa. Um engano? Não, tratava-se de uma retaliação dos atentados bombistas de Nairobi e Dar-es-Saalam.
- Em Dezembro de 1987, os Estados Unidos foi o único país (junto com Israel) a votar contra uma moção de condenação ao terrorismo internacional. Mesmo assim, a moção foi aprovada pelo voto de cento e cinquenta e três países.
- Em 1953, a CIA ajudou a preparar o golpe de Estado contra o Irão na sequência do qual milhares de comunistas do Tudeh foram massacrados. A lista de golpes preparados pela CIA é bem longa.
- Desde a Segunda Guerra Mundial, os EUA bombardearam: a China (1945-46), a Coreia e a China (1950-53), a Guatemala (1954), a Indonésia (1958), Cuba (1959-1961), a Guatemala (1960), o Congo (1964), o Peru (1965), o Laos (1961-1973), o Vietname (1961-1973), o Camboja (1969-1970), a Guatemala (1967-1973), Granada (1983), Líbano (1983-1984), a Líbia (1986), Salvador (1980), a Nicarágua (1980), o Irão (1987), o Panamá (1989), o Iraque (1990-2001), o Kuwait (1991), a
Somália (1993), a Bósnia (1994-95), o Sudão (1998), o Afeganistão
(1998), a Jugoslávia (1999)
- Acções de terrorismo biológico e químico foram postas em prática pelos EUA: o agente laranja e os desfolhantes no Vietname, o vírus da peste contra Cuba que durante anos devastou a produção suína naquele país.
- O Wall Street Journal publicou um relatório que anunciava que 500 000 crianças vietnamitas nasceram deformadas em consequência da guerra química das forças norte-americanas.
Acordei do pesadelo do sono para o pesadelo da realidade. A guerra que o Senhor Presidente teimou em iniciar poderá libertar-nos de um ditador.
Mas ficaremos todos mais pobres. Enfrentaremos maiores dificuldades nas nossas já precárias economias e teremos menos esperança num futuro governado pela razão e pela moral. Teremos menos fé na força reguladora das Nações Unidas e das convenções do direito internacional. Estaremos,
enfim, mais sós e mais desamparados.
Senhor Presidente:
O Iraque não é Saddam. São 22 milhões de mães e filhos, e de homens que trabalham e sonham como fazem os comuns norte-americanos. Preocupamo-nos com os males do regime de Saddam Hussein que são reais. Mas esquece-se os horrores da primeira guerra do Golfo em que perderam a vida mais de 150000 homens.
O que está destruindo massivamente os iraquianos não são as armas de Saddam. São as sanções que conduziram a uma situação humanitária tão grave que dois coordenadores para ajuda das Nações Unidas (Dennis Halliday e Hans Von Sponeck) pediram a demissão em protesto contra essas mesmas sanções. Explicando a razão da sua renúncia, Halliday escreveu:
"Estamos destruindo toda uma sociedade. É tão simples e terrível como isso. E isso é ilegal e imoral".

Esse sistema de sanções já levou à morte meio milhão de crianças iraquianas.
Mas a guerra contra o Iraque não está para começar. Já começou há muito tempo. Nas zonas de restrição aérea a Norte e Sul do Iraque acontecem continuamente bombardeamentos desde há 12 anos. Acredita-se que 500 iraquianos foram mortos desde 1999. O bombardeamento incluiu o uso
massivo de urânio empobrecido (300 toneladas, ou seja 30 vezes mais do que o usado no Kosovo)
Livrar-nos-emos de Saddam. Mas continuaremos prisioneiros da lógica da guerra e da arrogância. Não quero que os meus filhos (nem os seus) vivam dominados pelo fantasma do medo. E que pensem que, para viverem tranquilos, precisam de construir uma fortaleza. E que só estarão seguros
quando se tiver que gastar fortunas em armas. Como o seu país que dispende 270.000.000.000.000 dólares (duzentos e setenta biliões de dólares) por ano para manter o arsenal de guerra. O senhor bem sabe o que essa soma poderia ajudar a mudar o destino miserável de milhões de
seres.
O bispo americano Monsenhor Robert Bowan escreveu- lhe no final do ano passado uma carta intitulada "Porque é que o mundo odeia os EUA?" O bispo da Igreja Católica da Florida é um ex--combatente na guerra do Vietname. Ele sabe o que é a guerra e escreveu: "O senhor reclama que os EUA são alvo do terrorismo porque defendemos a democracia, a liberdade e os direitos humanos. Que absurdo, Sr. Presidente ! Somos alvos dos terroristas porque, na maior parte do mundo, o nosso governo defendeu a ditadura, a escravidão e a exploração humana. Somos alvos dos terroristas porque somos odiados. E somos odiados porque o nosso governo fez coisas odiosas. Em quantos países agentes do nosso governo depuseram líderes popularmente eleitos substituindo-os por ditadores militares, fantoches desejosos de vender o seu próprio povo às corporações norte-americanas multinacionais? E o bispo conclui: O povo do Canadá desfruta de democracia, de liberdade e de direitos humanos, assim como o povo da Noruega e da Suécia. Alguma vez o senhor ouviu falar de ataques a embaixadas canadianas, norueguesas ou suecas? Nós somos odiados não porque praticamos a democracia, a liberdade ou os direitos humanos. Somos odiados porque o nosso governo nega essas coisas aos povos dos países do Terceiro Mundo, cujos recursos são cobiçados pelas nossas multinacionais."

Senhor Presidente:
Sua Excelência parece não necessitar que uma instituição internacional legitime o seu direito de intervenção militar. Ao menos que possamos nós encontrar moral e verdade na sua argumentação. Eu e mais milhões de cidadãos não ficamos convencidos quando o vimos justificar a guerra. Nós preferíamos vê-lo assinar a Convenção de Kyoto para conter o efeito de estufa. Preferíamos tê-lo visto em Durban na Conferência Internacional contra o Racismo.
Não se preocupe, senhor Presidente.
A nós, nações pequenas deste mundo, não nos passa pela cabeça exigir a vossa demissão por causa desse apoio que as vossas sucessivas administrações concederam a não menos sucessivos ditadores. A maior ameaça que pesa sobre a América não são armamentos de outros. É o universo de mentira que se criou em redor dos vossos cidadãos. O perigo não é o regime de Saddam, nem nenhum outro regime. Mas o sentimento de superioridade que parece animar o seu governo.
O seu inimigo principal não está fora. Está dentro dos EUA. Essa guerra só pode ser vencida pelos próprios americanos.
Eu gostaria de poder festejar o derrube de Saddam Hussein. E festejar com todos os americanos. Mas sem hipocrisia, sem argumentação e consumo de diminuídos mentais. Porque nós, caro Presidente Bush, nós, os povos dos países pequenos, temos uma arma de construção massiva: a capacidade de pensar.

Mia Couto

Março de 2003

Mia Couto


"Minha raça sou eu mesmo. A pessoa é uma humanidade individual. Cada homem é uma raça, senhor polícia." (excerto de uma história do livro).


Natural da Beira, Moçambique, o galardoado escritor Mia Couto é considerado um dos nomes mais importantes da nova geração de escritores africanos de língua portuguesa. A escrita tem sido uma paixão constante, desde a poesia, na qual se estreou em 1983, com A Raiz de Orvalho, até à escrita jornalística e à prosa de ficção. Vencedor de vários prémios, tem a sua obra traduzida em alemão, castelhano, francês, inglês, italiano, neerlandês, norueguês e sueco.
Melody

quarta-feira, março 07, 2007

Passamos pelas coisas...


Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos
.
Eugénio de Andrade

Bertolt Brecht


(Augsburgo, 1898 - Berlim, 1956)


Escritor e dramaturgo alemão. Adere desde muito cedo ao expressionismo e vê-se obrigado a fugir da Alemanha em 1933, após escrever a Lenda do Soldado Morto, obra pacifista que provoca a sua perseguição pelos nazis. Ao iniciar-se a Segunda Guerra Mundial começa uma longa peregrinação por diversos países. Em 1947, perseguido pelo seu comunismo militante, vai para os Estados Unidos. A partir de 1949, e até à sua morte, dirige na Alemanha Oriental uma companhia teatral chamada do Berliner Ensemble.

A produção teatral de Brecht é abundante. No conjunto das suas obras tenta lançar um olhar lúcido sobre o mundo moderno. Na Ópera de Três Vinténs dirige o seu olhar crítico para a organização social. Na intenção de actualizar o teatro épico, escreve uma série de obras em que recorre às canções e aos cartazes explicativos: Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny, Santa Joana dos Matadores, O Terror e a Miséria no Terceiro Reich, Der Aufhaltsame Aufstieg des Arturo Ui. Em O Senhor Puntila e o Seu Criado Matti e em A Boa Alma de Sé-Chuão recorre às parábolas do teatro oriental. Em Vida de Galileu, obra que não deixa de aperfeiçoar desde a sua primeira redacção, Brecht centra-se no papel e na responsabilidade do intelectual.

Bertolt Brecht é, além de dramaturgo, um importante teórico teatral. Nos seus Estudos sobre Teatro expõe a sua concepção cénica, baseada na necessidade de estabelecer uma distância entre o espectador e os personagens, a fim de que o ponto de vista crítico do autor desperte no espectador uma tomada de consciência. Destaca-se também na poesia, de forte conteúdo social.

Time of Peace


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A peace of freedom... Melody