terça-feira, outubro 24, 2006

A Consciência de Zeno



Já no fim da vida, Zeno Cosini, um bem-sucedido empresário de Trieste (norte da Itália), decide fazer um balanço das suas experiências no divã de um psicanalista. Ali, deitado no estreito sofá, ele começa a dar-se conta de que toda a sua história, passada e presente, compõe-se de pequenos fracassos: o casamento com uma mulher que ele não escolheu, o trabalho que não lhe agradava, as tentativas falhadas de parar de fumar ou de simplesmente mudar de rumo, ter outro destino.

A lenta escavação dos factos e das impressões pela memória é então submetida à visão implacável, irónica e às vezes hilariante de Zeno - que assim, de certa forma, consegue libertar-se da "doença", mas não das suas neuroses.

Imediatamente aclamada por autores do porte do romancista James Joyce e do poeta Eugenio Montale, esta obra-prima de Italo Svevo (1861-1928) põe do avesso as distinções entre sanidade e loucura, sucesso e derrota, ao mesmo tempo em que expõe ao ridículo os valores da moral burguesa.

Valendo-se de recursos próprios da psicanálise, como a livre associação de idéias, o romance faz ainda uma sátira da ciência criada por Freud - de quem Svevo, aliás, foi tradutor.

É assim que Zeno chega à conclusão de que a sua vida, afinal, "foi mais bela do que a dos chamados sãos".

Italo Svevo morreu cinco anos depois de alcançar a consagração literária com este romance.
Um livro imperdível e intemporal.
Melody

Uma História de Amor


Abelardo e Heloísa
O romance entre Abelardo e Heloísa situa-se no período da Idade Média.
Pedro Abelardo nasceu em 1079 na Bretanha. Aos 16 anos foi estudar para Paris, onde depois de frequentar a Escola Catedral de Notre Dame, tornou-se em pouco tempo muito conhecido.
Como autêntico escolástico, a dialéctica proporcionava-lhe o maior prestígio.
Quando estava próximo dos 40 anos, o seu caminho cruzou-se com o de uma donzela formosa e inteligente, numa tarde em que Heloísa saiu para passear com a sua criada. Quando os olhares dos dois se cruzaram, o coração de Heloísa bateu mais forte.
Desde esse encontro, Heloísa nunca mais conseguiu esquecer Abelardo.
Fingindo estar doente, dispensou os seus antigos professores e passou a interessar-se pelas mesmas obras filosóficas que Abelardo, na esperança de que este seria atraído pelos seus estudos e viria até ela.
Abelardo tornou-se amigo de Fulbert, cónego de Notre Dame, tio e tutor de Heloísa que logo o aceitou como o mais novo professor de sua sobrinha, hospedando-o em sua casa, em troca das aulas nocturnas que ele lhe daria.
Em pouco tempo essas aulas passaram a ser ansiosamente aguardadas, e contando com a confiança de Fulbert, passaram a ficar a sós. Fulbert ia dormir, e a criada de Heloísa retirava-se discretamente para o quarto ao lado.
O fulgor amoroso levou um dia Abelardo a tirar o cinto que prendia a túnica de Heloísa e os dois se amaram apaixonadamente.
A partir desse momento passou a desinteressar-se de tudo, só pensando em Heloísa, descuidando as suas obrigações de professor.
A propósito deste período da sua vida Abelardo fala com toda a franqueza:
“Estivemos primeiro juntos sob o mesmo tecto e em seguida os nossos corações uniram-se. Aparentemente entregues ao estudo, abandonámo-nos inteiramente à nossa paixão. Os livros estavam abertos diante de nós, mas nossas palavras referiam-se mais ao amor que às letras; os beijos eram mais numerosos do que as explicações dos textos”.
Abelardo acabou por não aguentar simultaneamente as noites de amor e os trabalhos de uma dura vida diária. A inspiração desaparecia, os seus cursos tornavam-se menos interessantes.
Depressa toda a cidade ficou ao corrente do romance e quando, por sua vez, Fulbert compreendeu o que se passava, expulsou imediatamente Abelardo da sua casa.
No entanto isso não foi suficiente para separá-los.
Heloísa preparou poções para o seu tio dormir e, com a ajuda da sua criada, Abelardo foi conduzido ao porão, local que passou a ser o ponto de encontro dos dois e ninho de amor.
Uma noite, porém, alertado por outra criada, Fulbert acabou por descobri-los. Heloísa foi espancada, e a casa passou a ser cuidadosamente vigiada.
Mesmo assim o amor de Abelardo e Heloísa não diminuiu, e eles passaram a encontrar-se, para satisfazer os seus desejos, onde pudessem, em sacristias, confessionários e catedrais, os únicos lugares que Heloísa podia frequentar sem acompanhantes a seu lado.
Quando, algum tempo depois, Heloísa ficou grávida, resolveram casar-se.
O casamento foi realizado secretamente em Paris, na presença de Fulbert .
No entanto este casamento secreto de modo algum agradava ao cónego Fulbert, que não se cansava de falar nisso e acabando por tornar a vida tão insuportável a Heloíse que Abelardo a enviou para o convento onde fora educada.
Fulbert supondo que o marido da sobrinha se queria assim libertar das suas obrigações, resolveu dar um fim àquilo tudo.
Contratando dois carrascos pagou-lhes para invadirem o quarto de Abelardo e durante a noite castrarem-no.
O amor de Heloísa permaneceu tão ardente como antes, escrevendo-lhe numerosas cartas cheias de paixão. Mas qual podia ser a resposta do pobre filósofo desesperadamente desmasculinizado?
Escreveu-lhe então uma carta paternal em que a exortava a resignar-se à sua sorte.
“Se, nas coisas de Deus, sentes necessidade da minha direcção e de conselhos, diz-me o que desejas saber; responder-te-ei em toda a medida das luzes que Deus quiser conceder-me”.
Na sua carta já nada se encontra do antigo amante apaixonado; é o dialéctico que de novo se revela.
O coração a sangrar de Heloísa não esperava estas sábias palavras.
Numa outra carta fala-lhe ainda do ardente amor que não consegue reprimir, embora entretanto se tenha tornado madre do seu convento.
A resposta do infeliz Abelardo foi uma severa homilia.
“Se queres conservar a esperança de um dia te unires mim na felicidade eterna, chora pelo teu salvador, e não pelo teu sedutor”.
Para tentar amenizar a dor que sentiam pela falta de um do outro, ambos passaram a dedicar-se exclusivamente ao trabalho.
Abelardo construiu uma escola-mosteiro ao lado da escola-convento de Heloísa.
Viam-se diariamente, mas nunca se falavam .
Qual expiação pela ousadia de um ardente amor proibido.
Abelardo morreu em 1142, com 63 anos, Heloísa ergueu um grande sepulcro em sua homenagem, e quando faleceu algum tempo depois, foi sepultada ao lado dele.
Conta-se que, ao abrirem a sepultura de Abelardo, para ali depositarem Heloísa, encontraram o seu corpo ainda intacto e de barcos abertos, como se estivesse aguardando a chegada dela.


sábado, outubro 07, 2006

Intemporal



Pensava em entristecer
Mas hoje não vai dar, não tenho tempo
Quero explicar meus sentimentos
E entender seus ressentimentos
Mas não tenho tempo
Poderia deixar tudo como está
E daqui a pouco sair pra te encontrar
Mas não tenho tempo
Queria voltar a te ver
Mas acho que vai ser difícil
Tenho muita coisa pra fazer
E não quero ter tempo
Assim não me entristeço
Não tenho que explicar
Nem preciso te entender
Se me ocupar, não preciso me preocupar
E não tendo tempo, não tenho sentimentos
Precisava pensar em tudo isso um pouco mais
mas não tenho tempo...


Márcio Martins da Silva


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Time of Peace


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A peace of freedom... Melody