Pouco antes de morrer, o imperador Adriano, Pontifex Maximus dos territórios romanos entre 117-138 d.C., decide escrever uma longa carta-testamento ao jovem Marco Aurélio, o futuro imperador-filósofo.
Nela Adriano passa em revista os principais episódios de sua extraordinária existência: a relação de afeto com a mulher de Trajano, Plotina; as campanhas militares em diversas regiões da Europa; as viagens à Ásia Menor; a paixão pela caça; as discussões filosóficas com os principais pensadores do seu tempo; as relações com Trajano, seu antecessor; e o casamento com Sabina.
No entanto, não são as façanhas públicas e heróicas que constituem o centro vital do relato do velho imperador, mas seu amor pelo belo jovem grego Antínoo, que se suicidou no auge do esplendor físico.
A partir dessa perda, Adriano interroga-se sobre o destino, a precariedade da vida e a inevitabilidade da morte, que não poupa senhores nem escravos. "Esforcemo-nos por entrar na morte com os olhos abertos", escreve o imperador nos seus últimos dias, seguindo os preceitos da filosofia estóica que sempre o nortearam.
Lançado em 1951, este romance de Marguerite Yourcenar consumiu quase 30 anos de pesquisas e logo se tornou um clássico da literatura moderna. Poucas vezes uma experiência histórica específica --a biografia de um homem ilustre e o prenúncio da decadência de Roma-- foi transformada pela ficção de modo tão vivo quanto nestas Memórias de Adriano.
Melody
sábado, setembro 30, 2006
Memórias de Adriano
Postado por Melody às sábado, setembro 30, 2006 0 comentários
Marcadores: Biografia
quarta-feira, setembro 27, 2006
Question
Why do we never get an answer
When we´re knocking at a door
With a thounsend million questions
About hate and death and war?
Era esta a questão que os Moody Blues punham no album "Question of Balance" de 1970.
Passaram-se 36 anos, e ainda não obtivemos qualquer resposta!
Melody
Postado por Melody às quarta-feira, setembro 27, 2006 2 comentários
Marcadores: Sobre mim
domingo, setembro 17, 2006
Tibete
O Tibete é um país da Ásia Central, situado na China e tenta sua autonomia desde 1951. É conhecido como "teto do mundo" pois é um vasto planalto localizado a mais de quatro mil metros de altitude. Seus habitantes estão cercados pelas montanhas do Himalaia e por desertos; mas na verdade, isolados do mundo, pois não conhecem os avanços da ciência e jamais ouviram falar em astronautas.
O clima da região é bem rigoroso; a neve permanece nove meses durante o ano. É o país mais religioso do mundo, chegando a ser uma nação unificada no século III d.C., devido à expansão do Budismo. Depois, o país foi dividido em pequenos principados, invadido por mongóis. O primeiro Dalai Lama, autoridade máxima do Budismo Tibetano, assumiu em 1642. O povo tibetano habita a capital Lhasa, fundada há 14 séculos.
Atualmente, existem duas Lhasas, a tradicional - que possui sólidos edifícios de três andares, com telhados coloridos e decorados -, e a moderna -, que surgiu após a invasão chinesa, com uma arquitetura utilitária e largas avenidas. É na velha cidade que se encontra o mais sagrado dos templos tibetanos, o Jokhango, construído no século VII d.C., centro espiritual da nação, que recebe vários peregrinos.
Ao redor do templo, existe um caminho chamado Barkhor, um exótico mercado ambulante de produtos artesanais. Helena Blavatsky, fundadora da Teosofia, designou esse país como o "centro energético do mundo".
No Tibete existe o palácio Potala, que é a imagem mais representativa da nação. Possui treze andares, construído com cobre fundido, para protege-lo dos terremotos.
Em Potala, os livros sagrados budistas eram impressos manualmente, e ainda estão guardadas as escrituras budistas como o Tanjur, com 227 volumes, e o Kanjur, com 108 volumes. Os textos apócrifos relatam a possibilidade de Jesus ter estudado no Tibete; é comum ouvir sobre essa história na velha cidade. O Tibete pode estar longe do mundo, mas é o único lugar do planeta onde os homens procuram desvendar os enigmas da alma humana.
Atualmente, o 14º Dalai Lama, tenta negociar a liberdade do povo tibetano da China. Na sua última conferência realizada nos Estados Unidos em 2001, ele disse: "através da visualização, dou aos chineses meu pensamento positivo, e em troca, recebo a ignorância". A liberdade do Tibete é uma tarefa árdua, que dura mais de cinqüenta anos, contando com a ajuda da ONU e do reconhecimento de poucos outros países.
Monica Buonfiglio
País de Paz e sabedoria, um exemplo a seguir...
Melody
Postado por Melody às domingo, setembro 17, 2006 2 comentários
Marcadores: Para meditar
A Rosa
... Julgava-me muito rico por ter uma flor única no mundo e, afinal só tenho uma rosa vulgar...
Foi então que apareceu uma raposa .
- Olá, bom dia! disse a raposa.
- Olá, bom dia! - Respondeu delicadamente o princepezinho...
-Anda brincar comigo - pediu o princepezinho. Estou tão triste...
- Não posso ir brincar contigo - disse a raposa. - Ainda ninguém me cativou...
Andas á procura de galinhas? (diz a raposa)
Não... Ando á procura de amigos. O que é que "cativar" quer dizer?
... Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.
Laços?
Sim, laços - disse a raposa. - ...
Eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo e eu serei para ti, única no mundo...
(raposa) Tenho uma vida terrivelmente monótona...
Mas se tu me cativares, a minha vida fica cheia se Sol.
Estás a ver, ali adiante, aqueles campos de trigo? ... não me fazem lembrar de nada. É uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então quando eu estiver cativada por ti, vai ser maravilhoso! Como o trigo é dourado, há-de fazer-me lembrar de ti...
- Só conhecemos as coisas que cativamos - disse a raposa. - Os homens, agora já não tem tempo para conhecer nada. Compram as coisas feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não tem amigos. Se queres um amigo, cativa-me!
E o que é preciso fazer? - Perguntou o princepezinho.
- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada . A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas todos os dias te podes sentar mais perto...
Se vieres sempre ás quatro horas, ás três já eu começo a ser feliz...
Foi assim que o princepesinho cativou a raposa. E quando chegou a hora da despedida:
- Ai! - exclamou a raposa - Ai que me vou pôr a chorar...
... Então não ganhaste nada com isso!
- Ai isso é que ganhei! - disse a raposa. - Por causa da cor do trigo...
Depois acrescentou:
- Anda vai ver outra vez as rosas. Vais perceber que a tua é única no mundo.
O princepesinho lá foi... - vocês não são nada disse-lhes ele. - Não há ninguém preso a vocês... - não se pode morrer por vocês...
... A minha rosa sozinha. vale mais do que vocês todas juntar, porque foi a ela que eu reguei, que eu abriguei... Porque foi a ela que eu ouvi queixar-se, gabar-se e até, ás vezes calar-se. Porque ela é a minha rosa.
E então voltou para ao pé da raposa e disse:
- Adeus...
- Adeus - disse a raposa. - vou-te contar o tal segredo. É muito simples:
Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos...
Foi o tempo que tu perdes-te com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.
- Os homens já se esqueceram desta verdade - disse a raposa. Mas tu não te deves esquecer dela.
Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que está preso a ti. Tu és responsável pela tua rosa...
Antoine De Saint-Exupery "O Princepezinho"
Postado por Melody às domingo, setembro 17, 2006 2 comentários
Marcadores: Excertos de livros
A Lua de Joana
Querida Marta,
Fui ter com um amigo da Rita e mandei fazer uma tatuagem no pulso: um relógio... Agora tenho um relógio eternamente parado nas zero horas.
Pelo menos este não poderei vender... a minha mãe teve uma crise de nervos quando me viu o braço e deu-me uma estalada. Não senti a dor, porque já tudo me doía.
Quando o meu pai chegou a casa, depois do jantar, deu-me uma fúria, e, por momentos, senti uma enorme vontade de levantar o braço, pôr-lhe em frente da cara e berrar com toda a força "Agora sei sempre a que horas vais chegar, Pai! Este relógio é o único que tem as tuas horas! Estás contente?!"
Mas não lhe disse nada. Nem ele a mim...
Não aguento mais. Preciso urgentemente de fazer uma cura qualquer. tenho de sair daqui... tenho montes de coisas para estudar, mas não dá para pegar num livro. Sinto a cabeça nos pés. Debaixo dos pés.
Um beijo da Joana
Querida Marta,
Estou em casa do meu tio Augusto, irmão do meu pai. O Diogo entrou finalmente num processo de desintoxicação...
A minha mãe veio cá ontem ver-me e sentámo-nos as duas no jardim. Não falamos de nada importante, porque não estamos habituadas a conversar de algo que interesse ás duas. De qualquer forma foi bom...
O meu pai é que ainda não veio ver-me. Telefona e diz sempre quando tiver um tempinho, virá. Julgo que, desta vez, nem é uma questão de tempo, é só uma questão de medo. Ele não consegue ver-me assim...
Se ele soubesse como era importante que viesse cá ver-me...A minha mãe contou-me que ele anda abatido por minha causa... "O pai gosta muito de ti Joaninha..." Que raio de maneira que ele tem de gostar! Onde é que ele estava quando eu me meti nesta porcaria'
Um beijo da Joana
Querida Marta,
Esta noite tive o pesadelo mais incrível de sempre!...Eu estava sozinha num lugar que parecia o céu, mas não era... Comecei a subir as escadas e, quando cheguei quase o cimo, vi que estava alguém à minha espera. Era uma espécie de anjo, com um manto escuro, mas não tinha cara... percebi que tinha de segui-lo...
Que é isso? (perguntou a mãe ao pai)
São cartas... da Joana...
Encolheu as pernas lentamente e fixou os olhos inchados naquele baloiço estranho suspenso no tecto em forma de lua.
Desapertou a correia do relógio e pousou-o devagar sobre a mesinha. Agora, tinha todo o tempo do mundo. para quê?
Maria Teresa Maia Gonzales "A Lua De Joana"
Postado por Melody às domingo, setembro 17, 2006 0 comentários
Marcadores: Excertos de livros
O que nos dizem...
Porque será que insistimos em contar ás criancinhas histórias de príncipes e princesas que casam, têm muitos filhos e são felizes para sempre?
A versão moderna destes contos infantis são as chamadas revistas cor-de-rosa que exibem uma vasta gama de "beautiful people" permanentemente rodeada de amigos, casas, carros, iates e filhos sempre divertidos e bem vestidos.
Façam o que fizerem, digam o que disserem, a ideia é dar a todas estas pessoas uma imagem próspera e feliz.
Tudo à nossa volta parece indicar que o casamento é sinónimo de felicidade e estabilidade imediatas e nada nem ninguém nos prepara para a realidade que pode ser incrivelmente feliz mas passa por fases de adaptação e tem, necessariamente altos e baixos.
Por outro lado, nunca ninguém diz que, após o nascimento dos filhos, muitos casais entram em crise.
A ilusão que persiste é a de que um filho pode salvar um casamento mas, na verdade, um filho raramente salva um casamento em crise. Antes pelo contrário, pode gerar desentendimentos até num casamento razoavelmente estável.
Casar ou ter filhos podem ser experiências extraordinariamente importantes e construtivas desde que vividas de forma realista. Desde que não contemos com aquilo que ninguém nos pode dar.
Um casamento feliz não tem nada a ver com o clássico mas sim
com um investimento afectivo diário, com uma vontade de fazer mais e melhor e com uma aposta permanente no crescimento, valorização e realização do outro.
Daquele que está ao nosso lado. Só prestando atenção ao outro e ás suas próprias expectativas de felicidade é possível ser feliz e, então sim, ter muitos filhos e ficar juntos para sempre.
Laurinda Alves (Ideias para pensar)
Postado por Melody às domingo, setembro 17, 2006 0 comentários
Marcadores: Para meditar
Fall
Gosto do outono, para muitos, pode parecer um pouco triste.
Gosto dessa leve melancolia, do céu ainda brilhante e limpo, mas onde a luz já principia a declinar.
Gosto. Nem sempre gosto.
Quando me olho ao espelho, apercebo-me que também no meu corpo a luz começa a declinar.
Longe vai o tempo em que gostava do Outono porque gostava, sem me dar ao trabalho de fazer analogias. Sabia que outras primaveras viriam, seguidas de verões quentes e brilhantes.
Cada vez me é mais difícil sentir a Primavera em mim, e não tardará muito em que apenas a poderei rever nos jovens, o que, diga-se em abono da verdade, pouco me consola.
Um dia o meu pai disse-me:"...O que é triste, é sentirmos todas as vontades de quando eramos jovens, mas faltar-nos a energia fisica e o tempo para as concretizar..."
Prestei pouca atenção. Estava na Primavera da vida.
Por algum motivo retive a reflecção de meu pai. Recordo-a hoje como se tivesse sido dita ontem.
A vontade de projectar, criar, inovar, amar... continua em mim com a mesma força de hà muitos anos atrás, mas, o corpo parece sofrer de uma indolência contrária, começa a sentir o cansaço de muitas primaveras, e tende em deixar-se ficar no Outono.
Já não é o corpo que me obedeçe, mas sim eu que obedeço ao corpo. É a matéria que triunfa sobre o espírito!
Deviamos poder mudar de matéria, como mudamos de vestido, quando se gasta.
Não existe dignidade no envelhecimento, apenas aceitação revoltada, mas quase sempre calada.
Caminho pelo meu Outono, com um sorriso nos lábios, tentando conformar quem diz abertamente não o aceitar, não sabendo elas que estão a ser muito mais honestas do que eu!
Melody.
Postado por Melody às domingo, setembro 17, 2006 1 comentários
Marcadores: Sobre mim
O Poder do Discurso
Por mais que aparentemente o discurso seja pouco importante, as interdições que o atingem logo e depressa revelam a sua ligação com o desejo e com o poder. E o que há de surpreendente nisso, já que o discurso - como a psicanálise nos demostrou - não é simplesmente o que manifesta (ou oculta) o desejo; é também o que é o objecto do desejo; e já que - a história não cessa de nos indicar - o discurso não é simplesmente o que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo por que, aquilo pelo que se luta, o poder do qual procuramos apoderar-nos.
Michel Foucault, in 'A Ordem do Discurso'
Postado por Melody às domingo, setembro 17, 2006 1 comentários
Marcadores: Política
O Poder em Perspectiva
O poder é a posse das faculdades ou dos meios necessários para fazer os
outros homens contribuirem para as suas próprias vontades. O poder
legítimo é aquele que determina os outros a se prestarem aos nossos
objectivos pela ideia da sua própria felicidade: esse poder não passa de
uma violência quando, sem nenhuma vantagem para nós, ou mesmo para
nosso prejuízo, obriga a que nos submetamos à vontade dos outros.
Paul Holbach, in 'O Sistema Social'
Postado por Melody às domingo, setembro 17, 2006 0 comentários
Marcadores: Política
sábado, setembro 16, 2006
Poder sem Futuro
Quando se considera que o produto do trabalho e das luzes de trinta ou quarenta séculos foi entregar trezentos milhões de homens espalhados pelo globo a cerca de trinta déspotas, a maioria ignorante e imbecil, cada um dos quais é governado por três ou quatro celerados às vezes estúpidos, o que pensar da humanidade e o que dela esperar no futuro?
Sébastien-Roch Chamfort, in 'Pensamentos, Máximas e Anedotas'
Postado por Melody às sábado, setembro 16, 2006 0 comentários
Marcadores: Política
quinta-feira, setembro 14, 2006
Vieira Da Silva
Maria Helena VIEIRA DA SILVA (1908-1992), pintora de origem portuguesa, nasceu em Lisboa, no seio de uma família que cedo estimulou o seu interesse pela pintura, pela leitura e pela música. Em 1928 vai para Paris onde estuda escultura, optando definitivamente pela pintura em 1929. Em 1930 casa-se com o pintor húngaro, Arpad Szenes. Pintora de temas essencialmente urbanos, a sua pintura revela, desde muito cedo, uma preocupação com o espaço e a profundidade. Vive no Brasil de 1940 a 1947. A sua pintura desse período reflecte a angústia da guerra. Depois do seu regresso a Paris, na década de 50, participa em inúmeras exposições em França e no estrangeiro. Em 1956 obtém a nacionalidade francesa. O estado francês adquire obras suas a partir de 1948 e em 1960 atribui-lhe a primeira de várias condecorações. A partir de 1958, organizam-se retrospectivas da sua obra e são-lhe concedidos importantes prémios internacionais. Em Portugal, a Fundação Calouste Gulbenkian apresenta a sua obra em 1970, 1977 e 1988. Em 1983, o Metropolitano de Lisboa propõe-lhe a decoração da estação da Cidade Universitária; a obra Le métro (1940) é reproduzida em azulejos com a colaboração do pintor Manuel Cargaleiro. Em 1994, é lançado o Catálogo Raisonné da sua obra. Pintora da Segunda Escola de Paris, Vieira da Silva teve um importante papel no panorama da arte internacional.
"Un Été de Sel"
Melody.
Postado por Melody às quinta-feira, setembro 14, 2006 0 comentários
Marcadores: Biografia
quarta-feira, setembro 13, 2006
Maria de Lurdes Ribeiro
Maria de Lurdes Ribeiro, que adotou o nome artístico de «Maluda», nasceu em Nova Goa (atual Panjim), nas Índias Portuguesas, em 1934.
Embora experimentando vários gêneros, o principal de sua pintura está voltado para a paisagem, em que sua arte, no dizer de Pamplona, muito se aproxima de Paul Cézanne (1839-1906), o mestre do Impressionismo.
Maluda foi bolsista da Fundação Gulbenkian, estudando em Londres e na Suíça, entre os anos de 1977 e 1978.
Melody.
Postado por Melody às quarta-feira, setembro 13, 2006 0 comentários
Marcadores: Biografia
Inimigos.
"...É triste não ter Amigos?
Ainda mais triste é não ter Inimigos,
Porque, quem não nem inimigos,
É sinal de que não tem:
Nem talento que faça sombra,
Nem caráter que impressione,
Nem coragem para que o temam,
Nem honra contra qual murmurem,
Nem bens que lhe cobicem,
Nem coisa alguma que invejem..."
Voltaire
Postado por Melody às quarta-feira, setembro 13, 2006 1 comentários
Marcadores: Definições
domingo, setembro 10, 2006
Considerando...
Há poucos dias, debatiamos, uma amiga e eu, se o suicidio era uma forma de coragem perante a vida, ou se era uma cobardia?. As opiniões divergiam apenas um pouco...mas divergiam!
Sempre defendi a vida no seu todo, na luta perante as adversidades e na alegria por tudo o que nos traz de bom.
Bem sei que o facto de sermos donos da nossa existência, nos dá a segurança do poder como forma de decisão.
Conta-se que um Judeu, sobreviveu ao Holocauto, porque todos os dias se aproximava do arame farpado electrificado, sabendo que bastava tocá-lo para que todo o horror desaparecesse da sua existência.
Foi no contexto dessa discussão amigável, que resolvi postar as vidas de três mulheres com o mesmo destino, a morte por suicídio!
Sylvia Plath, Virginia Woolf, Florbela Espanca, foram mulheres bem nascidas, educadas e com uma vida confortável financeiramente.
Artistas de arte maior, que é a escrita, amadas pelos companheiros e amigos, nada faria prevêr os seus tristes fins.
Mas...ao lêr-mos os seus legados, depressa chegamos à conclusão que possuíam uma Alma atormentada, que um vazio enorme as consumia, e com o qual não conseguiam lutar.
Mas será que tentaram lutar?
Não! não tentaram! eram possuídas de egos elevados e em constante concentração de si próprias. Tudo e todos os que as rodeavam, eram utilizados nas suas exaltações tanto para o bem, como para o mal.
Nunca souberam lidar com as ambiguidades da vida, nem com o facto de as suas obras à altura, não terem sido devidamente reconhecidas.
Considerando o que foi dito, insisto na minha opinião, querida amiga,que o suicídio é a arma dos cobardes. Nada os demove para que deles se fale, apenas se ouvem a si mesmo, o que acresce à cobardia uma grande dose de egoísmo.
A morte é a única certeza do ser humano!
Por muito que o caminho da vida seja tortuoso, vale a pena ser vivida! É um jogo de astúcia este, o de vivêr...
Melody.
Postado por Melody às domingo, setembro 10, 2006 0 comentários
Marcadores: Sobre mim
sábado, setembro 09, 2006
Florbela Espanca
Não manifesta interesse pela política ou pelos problemas sociais. Diz-se conservadora.
Escritos de âmbito para além dos que caracterizam essa paixão não são abundantes, particularmente na obra poética. Salvo no que se refere ao seu Alentejo.
A morte anunciada ao longo da sua escrita ocorrerá pouco depois. Põe fim à vida em 8 de Dezembro de 1930, dia em que faz trinta e seis anos, em Matosinhos, onde vive. Aí é enterrada sendo mais tarde trasladada para a sua terra natal.
Postado por Melody às sábado, setembro 09, 2006 0 comentários
Marcadores: Biografias-Poetas
Árvores do Alentejo
Árvores do Alentejo
Horas mortas... Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a benção duma fonte!
E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!
Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
--- Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!
Florbela Espanca
Postado por Melody às sábado, setembro 09, 2006 0 comentários
Marcadores: Poesia
Uma Vida Inteira Num Único Dia.
"É possivel morrer"
Alguém precisava morrer para que a vida das outras pessoas pudesse continuar
Será outra pessoa, será um poeta perturbado, um visionário, que morrerá.
"...esta é a hora do passarinho morrer e não vamos mudar isso...É um ser selvagem, quererá morrer ao ar livre...- Deixemo-la agora em paz, todos...
"Não consigo seguir nenhum pensamento que remota do presente para o passado. Não fico parada, perdida, como Susan, com lágrimas nos olhos, lembrando-me de casa; nem me deito como Rhoda, encolhida entre as Samambaias, manchando de verde minha roupa rosa, enquanto sonho com plantas que florescem debaixo do mar, e rochas entre as quais os peixes nadam lentos. Não, eu não sonho."
As ondas
Virginia Woolf.
Postado por Melody às sábado, setembro 09, 2006 0 comentários
Marcadores: Biografias-Escritores
A Morte como Transcendência
Virginia Woolf:
Virginia Woolf nasceu em Londres em 1882. Recebe uma educação esmerada, frequentando desde muito nova o mundo literário.
Fez parte do grupo Bloomsbury, círculo de intelectuais sofisticados que, passada a I Guerra Mundial, investira contra as tradições literárias, políticas e sociais da era vitoriana.
Toda a vida de Virginia Woolf foi dedicada à literatura.
Suicida-se em1941, vítima de grave depressão, deixando um numero considerável de ensaios, correspondência e o romance "Entre os Actos".
Diário:
Não tenho tempo para descrever os meus planos. Tinha muitas coisas a dizer a respeito de As Horas e da minha descoberta, de como escavei belas cavernas atrás das minhas personagens; penso que isso dá exactamente o que quero — humanidade, humor, profundidade. A ideia é que as cavernas se ligarão entre si e cada uma vem à luz do dia no momento presente.
Virginia Woolf, no seu diário, 30 de Agosto de 1923
A Despedida:
Meu Muito Querido:
Tenho a certeza de que estou novamente a enlouquecer: sinto que não posso suportar outro desses terríveis
períodos. E desta vez não me restabelecerei. Estou a começar a ouvir vozes e não me consigo concentrar. Por isso vou fazer o que me parece ser o melhor. Deste-me a maior felicidade
possível. Foste em todos os sentidos tudo o que
qualquer pessoa podia ser. Não creio que duas pessoas pudessem ter sido mais felizes até surgir esta
terrível doença. Não consigo lutar mais contra ela, sei que estou a destruir a tua vida, que sem mim poderias
trabalhar. E trabalharás, eu sei. Como vês, nem isto
consigo escrever como deve ser. Não
consigo ler. O que quero dizer é que te devo toda
a felicidade da minha vida. Foste inteiramente
paciente comigo e incrivelmente bom. Quero dizer isso — toda a gente o sabe. Se alguém me pudesse ter
salvo, esse alguém terias sido tu. Perdi tudo menos a certeza da tua bondade. Não posso continuar
a estragar a tua vida. Não creio que
duas pessoas
pudessem ter sido mais felizes do que nós fomos.
V.
Prólogo:
Ela sai apressadamente de casa, com um casaco pesado de mais para o tempo que estava. É o ano de 1941. Começou outra guerra. Deixou um bilhete para Leonard e outro para Vanessa. Caminha decididamente na direcção do rio, segura do que vai fazer, mas, mesmo assim, mesmo neste momento, sente-se quase absorta com a vista das colinas, da igreja e de um grupo disperso de ovelhas, incandescentes, levemente coloridas por uma pálida tonalidade de enxofre, pastando sob um céu que escurece. Detém-se a observar as ovelhas e o céu e depois continua a andar. As vozes murmuram atrás dela; bombardeiros roncam no céu, embora ela olhe à procura dos aviões e não os veja. Passa por um dos trabalhadores da quinta (chama-se John?), um homem robusto, de cabeça pequena, com uma jaqueta cor de batata, ocupado a limpar a vala que corre pelo campo de salgueiros. Ele olha para cima, para ela, inclina a cabeça e olha de novo para baixo, para a água castanha. Enquanto passa por ele a caminho do rio pensa como foi bem sucedido, como é afortunado por estar a limpar uma vala num salgueiral. Ela, pelo contrário, falhou. Não é de modo algum uma escritora; é simplesmente uma excêntrica talentosa. Retalhos de céu brilham nas poças formadas pela chuva da noite anterior. Os seus sapatos afundam-se ligeiramente na terra amolecida. Ela falhou e agora as vozes voltaram, sussurram, indistintas, imediatamente fora do alcance da sua visão, atrás dela, aqui, não, viras-te e elas desapareceram, foram para outro lugar qualquer. As vozes regressaram e a dor de cabeça aproxima--se, tão certa como a chuva, a dor de cabeça que esmagará o que quer que é ela e ocupará o seu lugar. A dor de cabeça aproxima-se e parece (é ou não é ela própria que os está a invocar?) que os bombardeiros apareceram de novo no céu. Chega ao aterro, sobe-o e desce pelo outro lado, para o rio. Está um pescador a montante, muito longe — não reparará nela, pois não? Começa a procurar uma pedra. Trabalha depressa, mas metodicamente, como se obedecesse a uma receita que tem de ser escrupulosamente respeitada para dar bom resultado. Escolhe uma pedra mais ou menos com o tamanho e a forma do crânio de um porco. Enquanto a levanta e a mete à força numa das algibeiras do casaco (a gola de pele faz-lhe cócegas no pescoço), não pode deixar de notar a sua fria consistência gredosa e a sua cor, um castanho-leitoso com manchas verdes. Pára junto da beira do rio, que lambe a margem e enche as pequenas irregularidades do lodo com água límpida, que poderia ser uma substância completamente diferente do líquido castanho-amarelado, sarapintado e de aspecto sólido como uma estrada, que se estende tão uniformemente de margem a margem. Avança. Não tira os sapatos. A água está fria, mas não ao ponto de ser insuportável. Detém-se, com a água fria até aos joelhos. Pensa em Leonard. Pensa nas mãos dele e no seu rosto, nos sulcos fundos à volta da sua boca. Pensa em Vanessa, nas crianças, em Vita e Ethel: tantos. Falharam todos, não falharam? Sente de súbito uma imensa pena deles. Imagina-se a virar-se, a tirar a pedra da algibeira, a voltar para casa. Provavelmente regressaria a tempo de destruir os bilhetes. Podia continuar a viver, podia fazer essa derradeira gentileza. Parada com a água pelos joelhos, decide não o fazer. As vozes estão ali, a dor de cabeça vem a caminho, e, se ela se entrega outra vez ao cuidado de Leonard e Vanessa, eles não a deixarão partir de novo, pois não? Resolve insistir em que a deixem partir. Avança desajeitadamente (o fundo está lodoso) até a água lhe chegar à cintura. Olha para o lado de cima, para o pescador que tem vestido um casaco vermelho, e não a vê. A superfície amarela do rio (mais amarela do que castanha, vista assim de perto) reflecte baçamente o céu. Este é, pois, o último instante de verdadeira percepção, um homem a pescar de casaco vermelho e um céu nublado reflectido na água opaca. Quase involuntariamente (ela sente o acto como involuntário), anda ou tropeça para a frente e a pedra puxa-a para baixo. Durante um momento, ainda, isto parece nada, parece outro fracasso, apenas água fria de que pode sair nadando para a margem. Mas depois a corrente enrola-se nela e toma-a com uma força tão vigorosa e inesperada que é como se um homem forte se tivesse erguido do fundo, lhe agarrasse as pernas e as prendesse contra o peito. É como se fosse uma coisa pessoal.
OBRAS:
The Voyage Out (1915)
Noite e dia (1919)
Mrs. Dalloway (1925)
Rumo ao Farol (1927)
Orlando (1928)
As ondas (1931)
Flush
Os anos (1937)
Entre atos (1941)
Postado por Melody às sábado, setembro 09, 2006 0 comentários
Marcadores: Biografias-Escritores
segunda-feira, setembro 04, 2006
Sylvia Plath
Sylvia Plath nasceu em 27 de outubro de 1932 e suicidou-se a 11 de fevereiro de 1963, quanto tinha apenas 30 anos. Até então sua única obra poética era The Colossus, publicado em 1960. Mas são os poemas escritos após a publicação de seu primeiro livro que a transformaram num mito da poesia contemporânea.Os seus últimos dez meses de vida foram marcados por uma intensa atividade poética que gerou seus melhores poemas, uma obra que a elevou ao patamar dos grandes poetas do século.
Plath é frequentemente classificada como poeta confessional. Neste sentido,a sua vida é retratada fielmente na sua poesia, de alto grau emocional. Plath sempre foi marcada por uma forte instabilidade, fruto do trauma causado pela morte do pai quando ainda era uma criança de oito anos. A morte do pai foi a essência da imagem do colosso masculino, do deus másculo e onipotente que ela ao mesmo tempo adorava e repudiava.
A sua vida foi marcada pela sombra de homens que considerava poderosos e opressores, figuras que ao mesmo tempo a inspiravam e a diminuíam. Ao lado do pai, Plath posicionou o marido Ted Hughes, também poeta, homem que ela admirava profundamente. Plath adorava estas duas figuras masculinas e inseriu-as na sua poesia na forma do mito do deus ausente ou morto, cuja ausência ou morte ora é lamentada e ora é celebrada.
Em julho de 1962 Plath descobre o envolvimento adúltero de Hughes com outra mulher e seu mundo desmorona. Plath percebe que vivia uma fantasia e esta constatação dá início à produção de seus maiores poemas. O divórcio consuma-se em outubro desse mesmo ano, um momento de intensa criatividade. Deste período surgem os poemas mais fortes e mórbidos de Plath. A morte está mais presente do que nunca. O seu imaginário é preenchido por sangue, desmembramento, ossos e órgãos internos que criam imagens muito fortes na sua poesia.
Plath muda-se em Dezembro com os dois filhos para um apartamento em Londres durante um dos mais frios invernos do século. Em Janeiro, cerca de um mês antes de se suicidar, é publicado The Bell Jar, um romance autobiográfico que explora o seu passado e os seus traumas.
Wilton Rossi
Postado por Melody às segunda-feira, setembro 04, 2006 0 comentários
Marcadores: Biografias-Poetas
A Lua e o Teixo
Esta é a luz do espírito, fria e planetária.
As árvores do espírito são negras. A luz é azul.
As ervas descarregam o seu pesar a meus pés como se
eu fosse Deus,
picando-me os tornozelos e sussurrando a sua humildade.
Destiladas e fumegantes neblinas povoam este lugar
que uma fila de lápides separa da minha casa.
Só não vejo para onde ir.
A lua não é uma saída. É um rosto de pleno direito,
branco como o nó dos nossos dedos e terrivelmente
perturbado.
Arrasta o mar atrás de si como um negro crime; está mudo
com os lábios em O devido a um total desespero. Vivo
aqui.
Por duas vezes, ao domingo, os sinos perturbam o céu:
oito línguas enormes confirmando a Ressurreição.
Por fim, fazem soar os seus nomes solenemente.
O teixo aponta para o alto. Tem uma forma gótica.
Os olhos seguem-no e encontram a lua.
A lua é minha mãe. Não é tão doce como Maria.
As suas vestes azuis soltam pequenos morcegos e mochos.
Como gostaria de acreditar na ternura...
O rosto da efígie, suavizado pelas velas,
é, em particular, para mim que desvia os olhos ternos.
Caí de muito longe. As nuvens florescem,
azuis e místicas sobre o rosto das estrelas.
No interior da igreja, os santos serão todos azuis,
pairando com os seus pés frágeis sobre os bancos frios,
as mãos e os rostos rígidos de santidade.
A lua nada disto vê. É calva e selvagem.
E a mensagem do teixo é negra: negra e silenciosa.
Sylvia Plath
Postado por Melody às segunda-feira, setembro 04, 2006 0 comentários
Marcadores: Poesia