terça-feira, outubro 24, 2006

A Consciência de Zeno



Já no fim da vida, Zeno Cosini, um bem-sucedido empresário de Trieste (norte da Itália), decide fazer um balanço das suas experiências no divã de um psicanalista. Ali, deitado no estreito sofá, ele começa a dar-se conta de que toda a sua história, passada e presente, compõe-se de pequenos fracassos: o casamento com uma mulher que ele não escolheu, o trabalho que não lhe agradava, as tentativas falhadas de parar de fumar ou de simplesmente mudar de rumo, ter outro destino.

A lenta escavação dos factos e das impressões pela memória é então submetida à visão implacável, irónica e às vezes hilariante de Zeno - que assim, de certa forma, consegue libertar-se da "doença", mas não das suas neuroses.

Imediatamente aclamada por autores do porte do romancista James Joyce e do poeta Eugenio Montale, esta obra-prima de Italo Svevo (1861-1928) põe do avesso as distinções entre sanidade e loucura, sucesso e derrota, ao mesmo tempo em que expõe ao ridículo os valores da moral burguesa.

Valendo-se de recursos próprios da psicanálise, como a livre associação de idéias, o romance faz ainda uma sátira da ciência criada por Freud - de quem Svevo, aliás, foi tradutor.

É assim que Zeno chega à conclusão de que a sua vida, afinal, "foi mais bela do que a dos chamados sãos".

Italo Svevo morreu cinco anos depois de alcançar a consagração literária com este romance.
Um livro imperdível e intemporal.
Melody

1 comentário:

Luda disse...

MEMÓRIA
por Carlos Drummond de Andrade

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Time of Peace


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A peace of freedom... Melody