Francesco Alberoni tem um novo livro editado em Portugal. Chamou-lhe "Sexo e Amor". A obra, que surge quase 30 anos após a publicação de "Enamoramento e amor" ,foi escrita como "uma consequência natural" dos estudos que sobre a matéria dos relacionamentos humanos Alberoni tem vindo a produzir.
"Sexo e Amor" marca um novo ponto de viragem , dando, pela primeira vez, uma ordem e um sentido à trama de aspectos divergentes e convergentes que relacionam o amor e o sexo.
"Pensei que valeria a pena estudar as várias sociedades, as várias combinações entre sexo e sociedade. Fiz vários retratos, a partir de centenas de entrevistas, e com eles tentei transmitir aquilo que os homens e as mulheres de hoje sentem, desejam, querem, repudiam".
Para Francesco Alberoni, "é muito difícil, senão impossível", que uma relação baseada só em sexo possa durar.
"Na sociedade actual, em que o acesso à Internet está cada vez mais facilitado, o sexo ficou, por isso mesmo, mais vulgarizado", conclui.
Alberoni também adianta que "é muito frequente que sejam as raparigas a terem mais cedo relações sexuais do que os rapazes. E isto acaba por lhes trazer grandes desilusões, porque afinal a um desejo muito intenso não corresponde uma grande satisfação sexual.
O amor está em permanente conflito com o sexo. Ao contrário do que acontecia há um século, nos dias de hoje há cada vez mais uma tendência para chegar ao amor através do sexo.
A pornografia, que a Internet tornou mais acessível aos mais jovens, favorece muito a sexualidade promíscua e a bissexualidade. Tudo isto funciona como um obstáculo ao que chamo o enamoramento. Porque este passa necessariamente por diversas fases. Passa pelo fascínio, pela interpretação, pelas provas de reciprocidade.
Por isso é que cada vez mais difícil formar-se um casal.
Transformar o enamoramento em amor é muito complicado. Há formas de paixão que têm todas as características de enamoramento mas que, no fim de contas, têm também mecanismos de autodestruição".
Para Francesco Alberoni, "o amor hoje em dia só acontece se houver uma extraordinária intimidade física e espiritual. Quem ama e não é amado sofre muito". O autor de "Sexo e Amor" defende também a ideia de que há de facto diferenças entre a sexualidade feminina e masculina.
"Este é, aliás, o único domínio em que há diferenças. As mulheres são mais sensíveis aos odores, ao tacto. Uma mulher apaixonada pode ter um orgasmo só pelo facto de tocar um dedo da mão do homem que ama. No homem, pelo contrário, todas as sensações estão mais concentradas no pénis " .
Na obra agora editada pela Bertrand, Francesco Alberoni recorre a uma combinação de histórias verídicas e relatos na primeira pessoa, colhidos de entrevistas ou de obras literárias. A partir desta estrutura narrativa o sociólogo analisa as diferentes experiências amorosas subsequentes de cada uma das formas que o amor e o sexo podem tomar. O livro é um sucesso editorial em Itália onde em três meses vendeu mais de 30 mil exemplares.
Imperdível.
Melody
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quarta-feira, janeiro 17, 2007
Sexo e amor
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Melody
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quarta-feira, janeiro 17, 2007
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Um Homem de Honra
"Basta pensar nas pessoas às quais foi casualmente delegado o poder mesquinho de renegar minha nacionalidade alemã, para tornar explícito o ridículo desse ato."
Assim reagiu o escritor Thomas Mann à sua expulsão do país pelo regime nazista, em 2 de dezembro de 1936.
No jornal Völkischer Beobachter (Observador Popular), os nazistas publicavam as chamadas listas de expatriados.
No jornal Völkischer Beobachter (Observador Popular), os nazistas publicavam as chamadas listas de expatriados.
Os nomes de Thomas Mann, sua mulher e seus filhos mais novos constavam da lista número 7. Dos mais velhos – Erika e Klaus – já havia sido tirada a cidadania alemã.
Ascensão nazista não causou supresa
Para Thomas Mann, a situação não causava surpresa:
"Certamente eu desafiei a cólera dos detentores do poder. Não apenas nos últimos anos, através da minha distância e da expressão de meu horror a eles. Muito antes disso eu enfrentei esse desafio porque precisava; pois antes da burguesia alemã desesperada de hoje, eu já havia percebido há muito quem e o que subia ao poder".
Thomas Mann sabia exatamente do que falava, por ter ele próprio apoiado por muito tempo idéias conservadoras, nacionalistas e antiparlamentares, tendo passado a defender posições democráticas somente durante a República de Weimar (1919–1933).
Em 1930, Thomas Mann fez em Berlim um discurso, apelando "à razão alemã" e apelando à burguesia e às forças socialistas para que rejeitassem o fanatismo fascista.
Thomas Mann sabia exatamente do que falava, por ter ele próprio apoiado por muito tempo idéias conservadoras, nacionalistas e antiparlamentares, tendo passado a defender posições democráticas somente durante a República de Weimar (1919–1933).
Em 1930, Thomas Mann fez em Berlim um discurso, apelando "à razão alemã" e apelando à burguesia e às forças socialistas para que rejeitassem o fanatismo fascista.
Suas palavras foram interrrompidas por tumultos organizados pela polícia nazista e o escritor foi obrigado a abandonar o recinto pela porta dos fundos.
Decisão de não voltar ao país
A tomada de poder por Adolf Hitler surpreendeu Thomas Mann durante uma viagem para dar palestras pela Holanda, Bélgica e França. Ele decidiu então não mais voltar ao país.
Seu exílio duradouro começava aí.
"Não sonhei e não cantaram em meu berço que eu acabaria passando meus melhores dias como emigrante, banido de casa e condenado a um indispensável protesto político. Nasci mais para ser um representante do que para ser mártir", confessava.
Por muito tempo ainda, Thomas Mann continuou tentando através de seu silêncio evitar uma ruptura definitiva com o país e a quebra do contacto com o público alemão.
Por muito tempo ainda, Thomas Mann continuou tentando através de seu silêncio evitar uma ruptura definitiva com o país e a quebra do contacto com o público alemão.
Apenas em 1936 ele tomou uma posição clara em relação ao regime.
A gota d'água foi um texto publicado pelo diário suíço Neue Zürcher Zeitung, que tentava imprimir a Mann traços anti-semitas.
Silenciar perante o mal irreparável?
Somente então Thomas Mann quebrou definitivamente seu silêncio:
"Um escritor alemão, acostumado à responsabilidade através da língua, deve agora silenciar? Silenciar absolutamente perante o mal irreparável, que no meu país foi e é praticado em corpos, almas e espíritos, no direito e na verdade, na humanidade e na pessoa? Não foi possível. E assim vieram as manifestações de minha parte contra o programa nazista. Minhas posições contrárias ficaram inevitavelmente claras, tendo levado ao absurdo e ridículo acto de meu expatriamento".
Após ter perdido a nacionalidade alemã a 2 de dezembro de 1936, Thomas Mann permaneceu de início na Suíça, tendo emigrado mais tarde para os Estados Unidos.
O Ministério de Esclarecimento Popular e Propaganda do regime nazista anunciava em janeiro de 1937: "Thomas Mann deve ser apagado da memória de todos os alemães, por não ser digno de carregar o nome de alemão".
Indignado, o escritor declarou a respeito dos nazistas: "Acusam-me de ter insultado a Alemanha, ao ter-me declarado contra ela? Eles são incrivelmente ousados a ponto de confundir a si próprios com o país. Talvez não esteja longe o dia em que o povo alemão vai preferir qualquer coisa menos ser confundido com eles".
Rachel Gessat (sv)
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