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terça-feira, outubro 24, 2006

Uma História de Amor


Abelardo e Heloísa
O romance entre Abelardo e Heloísa situa-se no período da Idade Média.
Pedro Abelardo nasceu em 1079 na Bretanha. Aos 16 anos foi estudar para Paris, onde depois de frequentar a Escola Catedral de Notre Dame, tornou-se em pouco tempo muito conhecido.
Como autêntico escolástico, a dialéctica proporcionava-lhe o maior prestígio.
Quando estava próximo dos 40 anos, o seu caminho cruzou-se com o de uma donzela formosa e inteligente, numa tarde em que Heloísa saiu para passear com a sua criada. Quando os olhares dos dois se cruzaram, o coração de Heloísa bateu mais forte.
Desde esse encontro, Heloísa nunca mais conseguiu esquecer Abelardo.
Fingindo estar doente, dispensou os seus antigos professores e passou a interessar-se pelas mesmas obras filosóficas que Abelardo, na esperança de que este seria atraído pelos seus estudos e viria até ela.
Abelardo tornou-se amigo de Fulbert, cónego de Notre Dame, tio e tutor de Heloísa que logo o aceitou como o mais novo professor de sua sobrinha, hospedando-o em sua casa, em troca das aulas nocturnas que ele lhe daria.
Em pouco tempo essas aulas passaram a ser ansiosamente aguardadas, e contando com a confiança de Fulbert, passaram a ficar a sós. Fulbert ia dormir, e a criada de Heloísa retirava-se discretamente para o quarto ao lado.
O fulgor amoroso levou um dia Abelardo a tirar o cinto que prendia a túnica de Heloísa e os dois se amaram apaixonadamente.
A partir desse momento passou a desinteressar-se de tudo, só pensando em Heloísa, descuidando as suas obrigações de professor.
A propósito deste período da sua vida Abelardo fala com toda a franqueza:
“Estivemos primeiro juntos sob o mesmo tecto e em seguida os nossos corações uniram-se. Aparentemente entregues ao estudo, abandonámo-nos inteiramente à nossa paixão. Os livros estavam abertos diante de nós, mas nossas palavras referiam-se mais ao amor que às letras; os beijos eram mais numerosos do que as explicações dos textos”.
Abelardo acabou por não aguentar simultaneamente as noites de amor e os trabalhos de uma dura vida diária. A inspiração desaparecia, os seus cursos tornavam-se menos interessantes.
Depressa toda a cidade ficou ao corrente do romance e quando, por sua vez, Fulbert compreendeu o que se passava, expulsou imediatamente Abelardo da sua casa.
No entanto isso não foi suficiente para separá-los.
Heloísa preparou poções para o seu tio dormir e, com a ajuda da sua criada, Abelardo foi conduzido ao porão, local que passou a ser o ponto de encontro dos dois e ninho de amor.
Uma noite, porém, alertado por outra criada, Fulbert acabou por descobri-los. Heloísa foi espancada, e a casa passou a ser cuidadosamente vigiada.
Mesmo assim o amor de Abelardo e Heloísa não diminuiu, e eles passaram a encontrar-se, para satisfazer os seus desejos, onde pudessem, em sacristias, confessionários e catedrais, os únicos lugares que Heloísa podia frequentar sem acompanhantes a seu lado.
Quando, algum tempo depois, Heloísa ficou grávida, resolveram casar-se.
O casamento foi realizado secretamente em Paris, na presença de Fulbert .
No entanto este casamento secreto de modo algum agradava ao cónego Fulbert, que não se cansava de falar nisso e acabando por tornar a vida tão insuportável a Heloíse que Abelardo a enviou para o convento onde fora educada.
Fulbert supondo que o marido da sobrinha se queria assim libertar das suas obrigações, resolveu dar um fim àquilo tudo.
Contratando dois carrascos pagou-lhes para invadirem o quarto de Abelardo e durante a noite castrarem-no.
O amor de Heloísa permaneceu tão ardente como antes, escrevendo-lhe numerosas cartas cheias de paixão. Mas qual podia ser a resposta do pobre filósofo desesperadamente desmasculinizado?
Escreveu-lhe então uma carta paternal em que a exortava a resignar-se à sua sorte.
“Se, nas coisas de Deus, sentes necessidade da minha direcção e de conselhos, diz-me o que desejas saber; responder-te-ei em toda a medida das luzes que Deus quiser conceder-me”.
Na sua carta já nada se encontra do antigo amante apaixonado; é o dialéctico que de novo se revela.
O coração a sangrar de Heloísa não esperava estas sábias palavras.
Numa outra carta fala-lhe ainda do ardente amor que não consegue reprimir, embora entretanto se tenha tornado madre do seu convento.
A resposta do infeliz Abelardo foi uma severa homilia.
“Se queres conservar a esperança de um dia te unires mim na felicidade eterna, chora pelo teu salvador, e não pelo teu sedutor”.
Para tentar amenizar a dor que sentiam pela falta de um do outro, ambos passaram a dedicar-se exclusivamente ao trabalho.
Abelardo construiu uma escola-mosteiro ao lado da escola-convento de Heloísa.
Viam-se diariamente, mas nunca se falavam .
Qual expiação pela ousadia de um ardente amor proibido.
Abelardo morreu em 1142, com 63 anos, Heloísa ergueu um grande sepulcro em sua homenagem, e quando faleceu algum tempo depois, foi sepultada ao lado dele.
Conta-se que, ao abrirem a sepultura de Abelardo, para ali depositarem Heloísa, encontraram o seu corpo ainda intacto e de barcos abertos, como se estivesse aguardando a chegada dela.


domingo, agosto 27, 2006

Cartas de Amor de Mariana Alcoforado






Soror Mariana Alcoforado







Ignoro por que motivo te escrevo...
Vejo que apenas terás dó de mim, e eu rejeito a tua compaixão, e nada quero dela;
Enfado-me contra mim mesma, quando faço reflexão sobre tudo o que te sacrifiquei...
Perdi a minha reputação; expus-me aos furores de meus pais e parentes, às severas leis deste Reino contra as religiosas...
e à tua ingratidão, que me parece a maior de todas as desgraças...
Ainda assim eu sinto que os meus remorsos não são verdadeiros, e que do íntimo do meu coração quisera ter corrido muito maiores perigos por Amor de ti, e provo um funesto prazer de ter arriscado por ti vida e honra.
Tudo o que me é mais precioso não devia eu entregá-lo à tua disposição?...
E não devo eu ter muita satisfação de o ter empregado como fiz?...
Parece-me até não estar contente, nem dás minhas mágoas, nem do excesso de meu Amor, ainda que, ai de mim! não possa, mal pecado, lisonjear-me de estar contente de ti...
Vivo, e como desleal, faço tanto por conservar a vida, quanto perdê-la!...
Morro de vergonha... acaso a minha desesperação existe somente nas minhas ?...
Se eu te amasse com aquele extremo que milhares de vezes te disse, não teria eu já de longo tempo cessado de viver?...
Enganei-te... tens toda a razão de queixar-te de mim... Ah ! por que não te queixas?...
Vi-te partir; nenhumas esperanças posso ter de mais ver-te. e ainda respiro!... É uma traição...
Peço-te dela perdão.
Mas não mo concedas...
Trata-me rigorosamente.
Não julgues os meus sentimentos veementes...
Sê mais difícil de contentar...
Ordena-me nas tuas cartas que morra de Amor por ti...
Oh! conjuro-te de me dares esse auxílio para poder vencer a fraqueza do meu sexo, e pôr termo às minhas irresoluções, por um golpe de verdadeira desesperação.
Um fim trágico obrigar-te-ia, sem dúvida, a pensar muitas vezes em mim...
A minha memória te seria cara, e quiçá esta morte extraordinária te causaria uma sensível comoção.
E a morte não é porventura preferível ao estado a que me abaixaste?...
Adeus!
Muito quisera nunca haver posto os olhos em ti.
Ah! sinto vivamente a falsidade deste sentimento, e conheço neste mesmo instante em que te escrevo, quanto prefiro e prezo mais ser infeliz amando-te, do que não te haver jamais visto.
Cedo sem murmurar à minha malfadada sorte, já que tu não quiseste torná-la melhor. Adeus.
Promete-me de conservar uma terna e maviosa saudade de mim, se eu falecer de dor; e assim possa ao menos a violência da minha paixão, inspirar-te desgosto e afastar-te de tudo!
Esta consolação me será suficiente, e, se é força que te abandone para sempre, desejara muito não deixar-te a outra.
Dize, não seria nímia crueldade a tua, se te servisses da minha desesperação para, pareceres mais amável, mostrando que acendeste a maior paixão que houve no mundo?
Adeus outra vez...
Escrevo-te cartas excessivamente longas, o que é uma falta de consideração para ti: peço-te mil perdões, e atrevo-me a esperar que terás alguma indulgência para com uma pobre insensata, que o não era, como tu bem sabes, antes de amar-te.
Adeus.
Parece-me que demasiadas vezes me dilato em falar do estado insuportável em que estou.
Contudo agradeço-te, do íntimo do meu coração, a desesperação que me causas, e aborreço o sossego em que vivi antes de conhecer-te...
Adeus.
A minha paixão cresce a cada momento.
Ah! quantas cousas tinha ainda para dizer-te!...

Mariana Alcoforado nasceu em Beja em 1640, com onze anos, é obrigada a entrar para um convento, a fim de ficar a salvo do brutal conflito provocado pela guerra com Espanha. Impotente face à irrevogável decisão do pai, Mariana submete-se, mas anseia pelo dia em que poderá regressar ao seio da família e à liberdade da vida real. Até que um regimento francês chega à cidade: o belo rosto de um oficial a cavalo, uma fortuita troca de olhares e, por fim, o encontro. Mariana, já quase com vinte anos, deixa-se dominar por uma paixão cega e inflamada. Introduzindo-se secretamente na sua cela durante várias noites seguidas, o Capitão Bouton dá-lhe a conhecer o amor físico, proporcionando-lhe o primeiro grande êxtase da sua vida. Mas a notícia dessa relação rapidamente se difunde e causa escândalo. Bouton é mandado regressar a França. Destruída, Mariana escreve-lhe, sem resposta, cartas extraordinariamente belas e apaixonadas. faleceu na Cidade de Beja em 1723.




Time of Peace


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A peace of freedom... Melody